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1º Fórum Nacional de Tecnologia e Inovação para a Indústria de Fundição
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Evento reuniu 19 palestrantes e mais de 180 participantes
O 1º Fórum Nacional de Tecnologia e Inovação para a Indústria de Fundição – Inovação e Tecnologia como vetores para a competitividade, realizado em 30 de agosto de 2018, foi um grande sucesso, reunindo mais de 180 profissionais vindos de todos os Estados do país.
O evento foi uma realização da ABIFA - Associação Brasileira de Fundição, contando com a organização de sua Comissão de Inovação e Tecnologia. Nas palavras de Afonso Gonzaga, presidente da entidade, “a ABIFA cumprindo seu papel de representante da classe empresarial de fundição, realizou este Fórum, organizado pela Comissão de Inovação e Tecnologia, com objetivos claros de proporcionar a aproximação e levar conhecimentos aos empresários, visando melhorias dos processos tecnológicos e de gestão. Somos uma indústria de transformação presente em praticamente todos os segmentos produtivos, de modo que o seu fortalecimento é de suma importância para o crescimento e desenvolvimento do país”.
Afonso Gonzaga, presidente da ABIFA.
Reiterando este discurso, Reinaldo Oliveira, presidente da Comissão de Tecnologia e Inovação da ABIFA, ressaltou o documento Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2016 – 2022, segundo o qual há consenso na academia, no governo e na sociedade de que o crescimento com equidade depende do fortalecimento, expansão, consolidação e integração do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. A experiência histórica e de outros países demonstra que a geração de riqueza, emprego, renda e oportunidades, com a diversificação produtiva e o aumento do valor agregado na produção de bens e serviços, dependem diretamente do fortalecimento das capacidades de pesquisa e de inovação do país.
Em suas palavras, “O Brasil conseguiu construir nas últimas duas décadas, segundo descreve o documento, um novo marco legal da ciência, tecnologia e inovação, um sistema robusto de pesquisa e pós-graduação, que possibilitou avanços importantes na formação de recursos humanos e na ampliação da produção científica nacional. No entanto, o avanço da ciência brasileira não se refletiu na melhoria dos indicadores tecnológicos e de inovação nas empresas”.
Diante deste cenário, a Comissão de Inovação e Tecnologia da ABIFA, criada em setembro de 2016, organizou este evento, com três focos: a Indústria 4.0 ou manufatura avançada; fomento à inovação e a voz do cliente de fundição.
Organizadores do evento. Da esquerda para a direita: Ricardo Pugliesi, Fernando Oliveira, Ricardo Toledo, Reinaldo Oliveira, Yasmim Ding, Fábio Rampasso, Luiz Renato.
Estes temas foram tratados em três blocos, cada um deles finalizado com um debate conduzido com base nas perguntas feitas pelo público participante.
A palestra magna coube ao dr. Luís Carlos Guedes, atualmente consultor da Tupy na área de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, que iniciou a sua apresentação lembrando que a indústria é o motor da economia, sem a qual o restante não funciona. Então, o que é preciso para colocar a indústria de fundição novamente entre as sete primeiras do mundo?
Luís Carlos Guedes ministrou a palestra magna que abriu o Fórum.
Entre as ações mencionadas por Guedes, temos a necessidade de flexibilizar as nossas empresas, além de assumir que é preciso sim investir em tecnologia, mas também em mão de obra qualificada, pois o homem é e será sempre o “líder pensante” de toda essa engrenagem.
Bloco 1: A inovação e a tecnologia como estratégia para a conquista e a manutenção da competitividade das fundições brasileiras
Coube ao prof. Osvaldo Lahoz Maia falar sobre A Quarta Revolução Industrial, a empresa digital e o futuro do emprego, lembrando-nos que em 2016 o Brasil ocupava a 81ª posição do Índice de Competitividade, segundo levantamento do World Economic Forum. Na contrapartida, ele citou casos bem-sucedidos, a exemplo do suíço, e como o mundo do trabalho irá mudar, inevitavelmente.
Cleber Lessa, coordenador do curso de Engenharia Metalúrgica do IFRGS - Instituto Federal do Rio Grande do Sul, levou o público presente à reflexão ao afirmar: “Não adianta comprar o kit 4.0, se não fazemos sequer a metalurgia básica, ou seja, se não se domina o conhecimento”. E foi além, criando a tríade: MoT (Metalurgy of Things), PoT (People of Things) e ToT (Time of Things). Com isso, Lessa chama a atenção da importância de se conversar, de ouvir as pessoas e os operadores, de trocar experiências, ou seja, conhecimentos. Afinal, “quem pensa são as pessoas”. São elas, em especial as que trabalham no chão de fábrica, que estão no dia a dia do processo, que são as mais capacitadas para sugerir as melhores ideias de otimização. A inovação passa necessariamente por elas e também pelo domínio do conhecimento metalúrgico.
Marcelo Rezende, diretor na Secretaria de Desenvolvimento Científico, Econômico, Tecnológico e de Inovação da Prefeitura de Guarulhos (SP), falou sobre a importância de o governo municipal manter centros de tecnologia, incubadoras de empresas e incentivos à indústria, aproveitando para citar os 49 projetos cadastrados no CITIG – Centro de Inovação Tecnológica da cidade de Guarulhos.
Da esquerda para a direita, Ricardo Toledo, Bruno Jorge, Osvaldo Lahoz Maia, Antonio Rentes, Marcelo Garcia, Marcelo Rezende.
Otimização Digital em Fundição foi o tema abordado por Antonio Rentes, professor sênior da EESC-USP, que inicialmente diferenciou os termos transformação digital e otimização digital. Para exemplificar este último caso, ele apresentou o Case de uma fundição de médio porte, que atua no mercado de reposição. Com a adoção de ferramentas de lean manufacturing, ou seja, fluxos contínuos e produção puxada (Kanban e Kanban eletrônico), esta empresa reduziu o seu lead time médio de manufatura de 35 para 18 dias, entre outras benfeitorias.
Mas por onde começar a inovar? Na palestra Índice de maturidade para Indústria 4.0, Marcelo Garcia, da CR Consultoria, deu algumas dicas. Mas antes, ele lembrou a falta de compreensão a respeito da Indústria 4.0, que não se limita à digitalização ou à automação completa das operações. Em suas palavras, “as empresas também devem transformar a sua organização e cultura”.
Outros aspectos levantados foram os problemas comuns identificados na implantação da Indústria 4.0, como:
■ Falta de orientação estratégica e problema de percepção sobre a alta complexidade do conceito da Indústria 4.0
■ A incerteza dos resultados a serem obtidos
■ A falha da avaliação da capacidade atual da empresa para a Indústria 4.0
Nesse sentido, como ponto de partida Garcia sugere a ferramenta modelos de avaliação de maturidade, com base em três níveis. Em função do nível em que a fundição se encontra, é definido um ponto de partida e os posteriores planos de negócios.
Bloco 2: Fomento à inovação, captação de recursos e gestão de PD&I para as indústrias de fundição do Brasil
Uma vez detectada a necessidade de se investir em inovação, feito o diagnóstico do nível de maturidade da fundição e determinado um plano de negócios a se seguir, a fase seguinte é a de captação de recursos, ou seja, como pagar por isso?
Representando a ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, Bruno Jorge reiterou o papel da entidade no sentido de promover o diálogo público privado e a necessidade de produzir inteligência sobre a indústria. “Se em cinco anos as indústrias brasileiras adotassem as tecnologias da Indústria 4.0, os ganhos seriam de R$ 73 bilhões anuais”. Para autoavaliar o grau de inovação das empresas, Jorge propõe o “teste” presente no site www.industria40.gov.br. No final do checklist, é dada uma nota, que reflete o muito que há para se fazer. Jorge ainda citou o Programa Nacional Conexão Startup Indústria, que consiste em uma ferramenta de inovação para o setor público e um processo de inovação validado para o setor privado.
Da esquerda para a direita, Guido Ganassali, Cleber Lessa, Fábio Rampasso, Rogério Jardim Parducci, José Maria Medeiros.
Com o objetivo de exemplificar um caso de captação de recursos para um projeto de inovação, Rogério Jardim Parducci apresentou o Case da Henfel, cujo plano de investimentos totalizava R$ 3,6 milhões, com prazo estimado de 28 meses. O objetivo era a construção de um laboratório com banco de testes para o desenvolvimento de produtos. Em sua apresentação, Parducci detalhou todas as fases do projeto em questão, para então justificar a linha de financiamento buscada. Afinal, essa decisão depende tanto do porte da empresa quanto do porte do investimento. Entre as organizações/agências de fomento citadas pelo palestrante, destacam-se a FAPESP, SEBRAE, INOVA – SP, SENAI Inovação, FINEP, CNPQ, BNDES e Lei do Bem.
Guido Ganassali, diretor do projeto Indústria 4.0 na Cecil, fundição de metais não ferrosos localizada em Itapevi (SP), palestrou sobre a Inovação na Indústria 4.0. Citando um Case da própria Cecil, Ganassali destacou a parceria da empresa com o SENAI (consultoria) e a FINEP (fomento). Os modelos de gestão de PDT&I top down e bottom up foram detalhados, assim como o roadmap de um projeto de inovação (descrição do projeto, aprovação, financiamento e gestão).
A descrição das linhas de ação da FINEP, cujo objetivo é atuar em toda a cadeia da inovação, com foco em ações estratégicas, estruturantes e de impacto para o desenvolvimento sustentável do Brasil, coube a José Maria Medeiros, gerente do departamento de Engenharia, Metalmecânica e Equipamentos da instituição. Para tanto, Barcelos se ateve aos mecanismos de apoio da FINEP, o que pode ser de fato financiado por intermédio dela e as condições de financiamento oferecidas.
Bloco 3: A visão do cliente de fundição quanto à importância da inovação e recursos de tecnologia no fornecimento de produtos
Neste bloco, a palavra foi passada ao cliente, que teve a oportunidade de falar sobre o seu “lado” do negócio, diretamente aos seus fornecedores.
Vicente Abate, presidente da ABIFER – Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, iniciou este bloco mencionando os R$ 2 bilhões investidos nos últimos dez anos na ampliação e modernização das instalações fabris, novas fábricas, aplicação de novas tecnologias e treinamento de mão de obra. Hoje a capacidade instalada anual da indústria ferroviária é de 12 mil vagões de carga, 1.200 carros de passageiros e 250 locomotivas. Entre as inovações citadas, destacam-se as locomotivas diesel elétricas (General Electric e Progress Rail), modernização do metrô de SP (Bombardier), os veículos leves sobre trilhos com tração elétrica (Alstom e TTrans) e tração diesel hidráulica (Bom Sinal), o monotrilho (Bombardier) e o aeromóvel com tração a ar (TTrans). Abate finalizou a sua apresentação reiterando que “A indústria ferroviária brasileira está no caminho da Indústria 4.0”.
O tema Tecnologia aplicada na fabricação de fundidos para o mercado eólico coube a Marcus Vale, o qual lembrou do potencial eólico do Brasil, que hoje possui 534 parques eólicos e mais de 6.600 aerogeradores em operação. Ainda assim, em 2017 ocupamos a 8ª posição no ranking mundial de capacidade instalada (em 2012, estávamos em 15º lugar). O potencial de uso de fundidos nos aerogeradores também foi explorado por Vale, tanto naqueles com multiplicadora quanto nos que utilizam rotor. Os principais são a base da nacele (12 a 23 t) e o hub (8 t), mas ainda há vários outros: mancais, motor de giro, freio, eixo. O principal metal utilizado para a fundição destes componentes é o ferro fundido ferrítico/alto silício.
Palestrantes do terceiro bloco. Da esquerda para a direita, Reinaldo Oliveira, Ricardo Pugliesi, Henrique Carreão, Carmilo Carletti, Marcus Vale, Vicente Abate, Eduardo Silotto, Marcos Marchini, Ricardo Chuahy.
A situação do mercado de duas rodas foi explorada por Marcos Marchini, enquanto a posição da Volvo com relação à visão do seu cliente foi trazida por Henrique Carreão, responsável pelas compras e gestão de fornecedores da empresa. A sua apresentação foi feita com base na tríade QDC, ou seja, Qualidade – Delivery – Custo. Para exemplificar uma parceria de sucesso, Carreão descreveu o caso de uma alteração da composição de um ferro fundido com elevado teor de silício, que foi aumentado de 1.5~2.8% para 3,2~3,8%. Essa medida, fruto de uma parceria com o seu fornecedor, resultou em uma peça com alongamento mínimo sete vezes maior (14%) e redução de 21,6% dos custos de usinagem.
O tema Fundição como Negócio de Engenharia foi explorado por Camilo Carletti, especialista metalúrgico da Caterpillar. Entre os highlights de sua apresentação, o que mais chamou a atenção foi: “Fundição não é um negócio build to print, é um processo extremamente complexo e de engenharia”. Isso porque requer o atendimento a sua série de requisitos (controle dimensional, boa sanidade, microestrutura adequada, processo estável etc.), além de qualidade, preço e prazo.
A abordagem Expectativas em relação aos fornecedores de ferro e aço fundidos foi dada por Eduardo Silotto, da Acionac, especializada na fabricação de acoplamentos, contra-recuos e freios pneumáticos industriais. Segundo apresentado, os problemas “atuais de muito tempo” encontrados pela empresa são: dificuldade de obtenção de produtos com o mínimo de qualidade exigido e com preço competitivo; variação de preços no mercado e conhecimento (aparentemente) empírico. Portanto, entre as expectativas em relação aos seus fornecedores destacam-se: profissionalização; modernização de processos e de visão.
Para finalizar, Ricardo Chuahy, da RISC – Práticas em Negócios, levou o público a outra reflexão: Existe cliente 4.0? Em suas palavras, sim. E este cliente, denominado neoconsumidor, quer resultados acima de tudo, costuma resolver quase todas as suas pendências pelo celular, não aceita ser tratado como qualquer outro, quer ser ouvido, acha que a criatividade é uma exigência, cobra uma presença omnichannel da empresa e, após a compra, busca atendimento superior e imediato.
Outra questão colocada foi a de que a experiência impacta na lucratividade, uma vez que os clientes compartilham experiências entre si, sejam elas boas ou ruins.
Então, como atender ao cliente 4.0? Chuahy dá algumas dicas:
■ Descobrir os valores dos clientes e proporcionar experiências relevantes, que despertem a empatia
■ Usar novas tecnologias para descobrir o que eles querem
■ Qualificar a sua mão de obra para o pensamento 4.0
■ Melhoria de eficiência e aceleração dos processos
■ A velocidade de resposta a problemas técnicos deve aumentar
■ Ser ágil, não desperdiçar tempo
■ Mudar a abordagem do início ao fim
■ Ser flexível para atender às necessidades de mudança
■ Parceria, agilidade e recomendações de inovação no desenvolvimento de novos produtos
■ A integração entre a fundição e o cliente deve ocorrer de forma mais eficiente criando valor agregado
E, para finalizar:
■ Os fornecedores das fundições terão que passar pela mesma adaptação, visando a tornar a toda a cadeia mais eficiente.
Serviço
1º Fórum Nacional de Tecnologia e Inovação para a Indústria de Fundição
Data: 30 de agosto de 2018
Local: Escola SENAI Nadir Dias de Figueiredo – Osasco, SP
Organização: Comissão de Inovação e Tecnologia da ABIFA – Associação Brasileira de Fundição
Patrocinadores: Alum, Eco Sand, Elkem, Euromac, Fundimazza, Ibar, Foseco, Inductotherm, Kaitronn, Küttner, Mineração Curimbaba, MSP, R. Vaz, Sinto, Sulmaq
Apoio institucional: ABAL, ABIFER, SIFUMG, SENAI-SP
Fonte: ABIFA
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