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Gusa verde tenta sair do atoleiro.

Publicada em 2010-09-26



Estereótipo de vilão do meio ambiente, a indústria do ferro gusa em Minas Gerais deixou passar todas as oportunidades para construir uma boa imagem. Hoje, busca no chamado gusa verde o marketing para melhorar a imagem perante a opinião pública e ao mercado financeiro. Os bancos agora pensam duas vezes antes de financiar uma indústria ambientalmente incorreta.


São dois os principais problemas. O primeiro deles é econômico. A supervalorização do real diante do dólar reduziu em quase 75% a atividade em Minas. Com o dólar em baixa e o real em alta, a indústria do ferro gusa encontra dificuldade para vender. Este cenário não é novo. Ao contrário, é recorrente. Quando os negócios vão mal, em especial após a crise de 2008, o setor de gusa recua e até desliga os alto-fornos, o que para uma siderúrgica é o pior dos mundos. Dos 106 altos-fornos de Minas, não chega a 30 os que estão em operação atualmente. Outra causa que contribui negativamente é a valorização do minério de ferro utilizado na produção do gusa.


Forno desligado é sinônimo de pouca procura por carvão vegetal, oriundo de mata nativa ou não. Este detalhe é igualmente importante na medida em que seu debate tem sido superficial. Tem muito ambientalista que acredita que basta plantar uma floresta de eucalipto para justificar a produção de gusa.
Se por um lado a polêmica é enorme quando se diz que o carvão é oriundo de mata nativa, por outro a monocultura do eucalipto é uma prática muito discutida na medida em que ela acaba com a fauna e a flora e resseca o solo. Nada como um pé de eucalipto para secar o chão.


O gusa verde, que as siderúrgicas tentam vender agora como estratégia de marketing, consiste na produção integrada de ferro gusa, utilizando eucalipto de áreas de reflorestamento. Os usineiros afirmam que as emissões de gás carbono das usinas são compensadas pelas florestas de eucalipto, zerando a emissão de substâncias causadoras do efeito estufa. Em outras palavras, a usina polui, mas o eucalipto compensa. O argumento para por aí. O setor de ferro gusa prefere não questionar os males da monocultura. Muitos ambientalistas também não.
A opção tem sido plantar florestas próprias, de preferência nas terras baratas e de solo pobre do cerrado do Norte de Minas, onde existe dinheiro barato no Banco do Nordeste. O subsídio ao eucalipto, na ponta do lápis, parece que compensa a concorrência desleal dos guseiros que, com notas frias, conseguem comprar carvão a baixo preço, de qualquer origem.


Fonte: Hoje em Dia