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Setor do gusa dá sugestões para o aumento da energia renovável na siderurgia.
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Maior aproximação entre as indústrias do aço e do gusa verde pode aumentar os ganhos para ambos os setores e avançar no aumento da participação de energia renovável, via carvão vegetal, na siderurgia brasileira. Essa foi uma das conclusões do IV Painel do Ferro Gusa Verde realizado, no último dia 20, dentro da programação do 40º Seminário de Redução de Minério de Ferro e do 11º Simpósio de Minério de Ferro.
A primeira apresentação técnica, conduzida pelo consultor e diretor da Minitec – Minitecnologias, Sérgio W. G. Scherer, mostrou que o processo de metalização da carga dos altos-fornos (que consiste na substituição de parte do minério por ferro metálico utilizando carvão vegetal) pode ser uma solução técnica, econômica e ambientalmente viável,
“É uma tecnologia simples, que não exige mudanças no equipamento, e ainda possibilita diminuir o uso do carvão vegetal importado”, frisou o engenheiro, exemplificando: “Considerando a produção de 20 milhões de t/ano de ferro gusa em altos-fornos a coque e um índice de metalização da carga de 10%, o aumento de produtividade será de 8% e a redução de 7% do termo redutor. Assim, a produção de 20 milhões de t/ano, passa a 21,6 milhões de t/ano de gusa”.
Scherer também defendeu o uso do gusa verde nas aciarias LD/BOF, garantindo resultados positivos, como o aumento da produção de 22,24 millhões de t/ano de aço para 24,55 milhões de t/ano de aço. “Se for adotado um modelo de 80% de gusa líquido – 10% ou mais de gusa verde sólido e cerca de 10% de sucata, a carga metálica total será de 27 milhões de t/ano ou 24,55 milhões de t/ano de aço líquido”.
O Brasil, segundo ele, tem um modelo siderúrgico único para mostrar ao mundo: como utilizar a energia renovável na produção do ferro gusa a coque e do aço, com tecnologia, equipamentos e mão de obra nacionais, gerando empregos e desenvolvimento sustentável.
Outra solução defendida no painel foi a injeção de finos de carvão vegetal nos AFs a coque. O diretor do Grupo Queiroz Galvão, Paulo Afonso de Faria Gomes, garantiu tratar-se de uma tecnologia vantajosa do ponto de vista econômico, social e ambiental.
“Para ter uma idéia, em 2010 devemos importar 4 milhões de toneladas dessa matéria-prima, que equivale a um custo aproximado de US$ 800 milhões”, disse ele, lembrando que a biomassa pode ser extraída do eucalipto, bambu, capim elefante e outros resíduos florestais, e serem proveniente de árvores plantadas próximas às usinas.
Conforme explicou, pesquisas apontam que a superfície específica do fino de carvão vegetal é de 60 a 350 vezes maior que a do fino de carvão mineral, o que garante a alta reatividade do material. Apesar do poder calorífico ser menor (7.500 Kcal/Kg contra 5.500 Kcal/Kg), apresenta menos cinzas (2 a 12% diante dos 16 a 12% do fino de carvão mineral) e menos enxofre (0,30 a 0,90% contra 0,10 a 0,60%).
Para comprovar que o carvão vegetal de florestas plantadas é a solução para a produção de ferro gusa com o mais baixo impacto para o meio ambiente, Rodrigo K.Valladares, diretor Comercial da Viena Siderúrgica, apresentou alguns números: “Enquanto a biomassa absorve 890 kg de CO2 no processo de fotossíntese da floresta e libera 203 kg de oxigênio para produzir uma tonelada de ferro gusa, o carvão mineral absorve 990 kg de oxigênio em seu processo produtivo e libera 1.750 kg de CO2 na atmosfera”.
O coordenador da comissão organizadora do 40º Seminário de Redução, o engenheiro José Henrique Noldin, explicou que as apresentações representam pontos de vista, baseadas em conhecimento, experiência, tecnologia e engenharia existentes no País e que a discussão não se esgota com os casos apresentados no painel. “São práticas já consagradas que podem ser reavaliadas e, adequadas para utilização pela siderurgia”, frisou.
Selo verde
Encerrando as apresentações e os debates, o presidente do Sindifer (Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais), Paulino Cícero de Vasconcellos, ressaltou que ABM é o único espaço que o setor do gusa encontra dentro de órgãos e associações.
“Conclamo a todos para não perderem esse fórum e,sob a coordenação da ABM, unirmos forças com o governo e outras entidades ligadas ao setor para criar um selo verde que certifique as boas práticas”.
Paulino Cícero também sugeriu que, de forma obstinada, é preciso tentar sensibilizar o BNDES no sentido de abrir linhas de financiamento para as ações de reflorestamento dos produtores independentes de gusa, que hoje as realiza totalmente com recursos próprios.
“O setor é responsável pelo maior volume de reflorestamento do País, mas até agora não obteve resposta às suas demandas de financiamento”, reforçou.
Em sua avaliação, o setor do gusa vive um momento extremamente importante e esta é a hora para se consolidar como uma atividade criadora do verde e da vida, contribuindo para mudar a imagem do País de queimador de florestas.
Livre concorrência
Antes das palestras técnicas, o procurador chefe da Advocacia Geral do Estado de Minas Gerais, Onofre Alves Batista Júnior, falou sobre a livre concorrência e sonegação fiscal, temas de interesse geral que objetivam contribuir para orientar as ações dos produtores independentes do gusa.
Segundo ele, o Estado Moderno, não só no Brasil como em vários países do mundo, transformou-se numa arena de debates levada à cabo aos extremos, com ações desarticuladas.
“Essa situação faz com que o Estado perca a capacidade de zelar pela população e contribuir efetivamente para o desenvolvimento. Os departamentos governamentais não se conversam e isso é nocivo para quem quer produzir, além de nos penalizar diante de economias mais bem planificadas, como a China, por exemplo, que articula todas as suas ações, reunindo todo tipo de reforço no país para alcançar seus objetivos”, disse ele.
Por isso, ele defende que no Brasil se estabeleça um consenso entre setor público e privado, eliminando os descompassos para o bem comum. “È óbvio que o governo deve estimular a produção. Então, que se construam círculos virtuosos com este objetivo”, sugeriu.
Fonte: ABM Notícias
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