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Indústria de fundição recua 12% no primeiro quadrimestre do ano

Publicada em 2020-05-29



Empresas apontam principais problemas encontrados

Em tempos de pandemia e isolamento social, a ABIFA realizou a sua primeira Reunião Plenária virtual em 20 de maio. Com a participação de 48 profissionais do setor, entre CEOs de fundições e fornecedores de equipamentos, insumos e matérias-primas, tivemos um bom panorama de como o mercado vem se comportando nesse período.

A seguir, as principais observações apontadas nesta Reunião serão apresentadas, começando pelo balanço do setor no primeiro quadrimestre do ano.

Números do mercado – Fonte: ABIFA

• Produção: Entre janeiro e abril, a produção de fundidos no país somou 674,7 mil toneladas, o que equivale a uma queda de -12% em relação ao primeiro quadrimestre de 2019.

• Em abril, a produção de fundidos ficou em 140 mil toneladas, ou seja, 30% abaixo da média do mês, igualando-se a um mês de dezembro, tradicionalmente o de menor produção no ano.

• Mercado Interno: Do total produzido em Jan/Abr20, 589,3 mil toneladas foram consumidas no mercado interno. Uma queda de -8,8% no comparativo interanual.

• Exportações: Os embarques do setor somaram 85.397 t ou 176,6 MUS$ no período de Jan-Abr20. Em relação ao primeiro quadrimestre de 2019, as quedas foram de -29,1% (em peso) e -32,7% (em valor), respectivamente.

• Empregos: Em abril, a indústria de fundição empregou 54.155 colaboradores; número semelhante ao de abril de 2017. No exercício corrente, o melhor mês em relação ao número de empregados foi fevereiro, com 56.612 profissionais.

Na sequência, relatamos alguns apontamentos feitos pelos profissionais do setor, preservando a identidade das respectivas empresas. A ideia é fornecer subsídios para a elaboração de um cenário bastante realístico do que vem ocorrendo nesta fase atípica da indústria nacional.

Principais apontamentos feitos pelas fundições

• Crédito: As pequenas e médias empresas são as que mais estão sofrendo as consequências dessa crise, em razão das dificuldades de acesso ao crédito impostas pelos agentes financeiros.

• Mercado consumidor | Ind. Automotiva: A indústria automotiva, responsável pelo consumo de 56% dos fundidos no país, sofre um grande revés. Como se dará a sua retomada, ainda é uma incógnita, visto que além da queda de demanda, o setor terá que adotar uma série de medidas de distanciamento social, que certamente impactarão sua produtividade. Por exemplo, uma cabine de caminhão era montada simultaneamente por pelo menos três profissionais, o que se tornou inviável com a pandemia.

• Mercado consumidor II: A agroindústria foi pouco impactada pela crise do novo Coronavírus, assim como o mercado de mineração.

 

 Por um lado, empresas de fundição apontam que não tiveram pedidos cancelados ou postergados. Outras, porém, relatam a postergação de pedidos de produção, o que está elevando os seu estoques, sem sinalização de quando essa demanda será absorvida.

• Sucata: Com a paralisação das montadoras, o fornecimento de sucata caiu drasticamente no mercado, o que levou ao aumento do seu preço. A questão cambial também está corroborando para essa situação, visto que a desvalorização do real está favorecendo as exportações, em detrimento do abastecimento do mercado interno.

• Ferro-gusa: Pela falta de sucata, muitas fundições têm optado pelo ferro-gusa, que, no entanto, também está escasso no mercado interno, justamente pela questão cambial apontada acima.

• Por outro lado, um fornecedor de ferro-gusa aponta que o seu custo também foi impactado com a alta do dólar e pela baixa qualidade do minério disponível no mercado, o que está pressionando o preço do ferro-gusa para cima.

• Projeto de nacionalização de peças: A desvalorização do real frente ao dólar levou à elaboração de um projeto de nacionalização de peças por parte das autopeças, o que inclui peças fundidas. Em breve este projeto deve ser divulgado.

Apontamentos feitos por fornecedores

• Há fundições que aumentaram a sua produção durante a pandemia, abastecendo as suas sedes (internacionais), cujas atividades foram totalmente paralisadas. Com isso, o setor de fundição têm dado respaldo a fornecedores de insumos, cuja produção se destina a segmentos variados, incluindo o de siderurgia.

• A maioria das fundições tem honrado a sua folha de pagamentos. Tem-se evitado cancelar os pedidos de equipamentos já feitos, optando-se, muitas vezes, pela reprogramação das entregas.



Fonte: ABIFA