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Desabastecimento já é realidade na indústria
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Levantamento feito pelo CNI mostra que 47% das empresas encaram a falta de matéria-prima
O movimento atípico do consumo neste ano gerou desequilíbrio no setor industrial que, após a retomada das atividades, agora enfrenta uma crise de desabastecimento de insumos. A recessão econômica, ao lado da flutuação cambial, tangenciado pela desigualdade entre a lei da oferta e demanda devido à pandemia pegou todos de surpresa e trouxe por consequência o déficit de matéria-prima.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), até agosto deste ano, para 75% das empresas, a desvalorização cambial foi o principal fator influenciador no aumento de custo dos insumos que, indiretamente, também interfere no valor final dos produtos. O segmento mais afetado foi o que tem o aço como matéria-prima básica.
Pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 47% das empresas estão com falta de estoque e 41% apontam que a demanda está superior à capacidade de produção.
Além disso, levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas afirma que de janeiro a setembro deste ano os aços planos tiveram aumento de 20,3% no preço em reais. O ferro gusa teve aumento de 41,5% e, o alumínio, por sua vez, incremento no valor que varia de 3,6% a 18,4%.
Para o diretor-geral da Miura, marca de automóveis brasileira, Anderson Massayuki Okazaki, de 45 anos, além da alta dos preços, o desabastecimento já interfere na produção. "A falta de insumos é real e tem nos afetado diretamente, uma vez que o aço é o nosso principal insumo. Assim, ficamos de mãos atadas e a principal consequência disso é o aumento no prazo de entrega por parte dos fornecedores a nós", compartilha.
Para tentar reverter esse quadro, o jeito é investir no estoque. "Esse preparo logístico foi o que amenizou a situação e impediu que o nosso faturamento fosse afetado nos últimos três meses", declara Okazaki.
PLÁSTICO
Além do aço, o plástico também é um dos materiais em falta. Segundo o diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) Jundiaí e presidente da Castelo Alimentos, Marcelo Cereser, isso se deve à alta demanda de embalagens desencadeada pela adesão massiva ao e-commerce ao longo dos meses de isolamento social. "Digo isso com firmeza, pois estou enfrentando essa realidade dentro da minha própria empresa. Faltam embalagens, garrafas e até caixas de papelão", alega.
O mercado consumidor inesperado é uma provável causa. "Logo em março, o mundo fechou para balanço. Tudo parou e as indústrias chegaram a demitir 70% do quadro de funcionários. Ao lado disso, a liberação de R$ 50 bilhões por parte do governo voltados para o auxílio-emergencial realavancaram o consumo e, consequentemente, geraram uma demanda repentina para a qual a indústria não estava preparada", diz.
Nesse contexto, quem se deu bem foram as empresas que estavam com o estoque alto ou que trabalham com mais de uma matéria-prima. Na Astra, por exemplo, o diretor-superintende, Manoel Fernandes Flores, explica que essa instabilidade praticamente não foi sentida. "Nossa linha de produtos e materiais é muito ampla. Utilizamos mais de 30 resinas diferentes de plástico, além de madeira, alumínio, espelho e embalagens de papelão. Então nossa compra de materiais é bem diversificada, o que contribuiu para o controle da nossa cadeia produtiva", explica.
NORMALIZAÇÃO
Afetados ou não, a maioria das empresas afirma que no ano que vem a demanda será suprida. Ainda de acordo com o CNI, 55% das empresas acreditam que a situação irá se normalizar somente a partir de 2021: 39% dos entrevistados esperam a normalização entre três a seis meses, enquanto outros 16% acreditam em período maior, superior a seis meses.
Fonte: jj.com.br
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