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Escassez de minério granulado impacta o parque guseiro de MG
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A indústria do ferro-gusa pode ter paradas pontuais nos próximos dias em Minas Gerais, devido à falta do minério de ferro granulado. Para driblar o problema, alguns usineiros têm buscado o insumo no Mato Grosso do Sul. O reflexo disso é um aumento nos preços que compromete a cadeia produtiva.
A informação é do presidente do Sindicato da Indústria do Ferro do Estado de Minas Gerais (Sindifer-MG), Fausto Varela Cançado. Pequenas e médias mineradoras, que fornecem para o setor, argumentam que a escassez está relacionada à qualidade do minério e ao aumento da demanda.
A produção das indústrias de ferro-gusa de Minas Gerais avançou 11% em 2020, somando 3,7 milhões de toneladas | Crédito: Divulgação
“É inacreditável pensar que estamos no quadrilátero ferrífero, no Estado que é o maior produtor de minério de ferro do planeta, mas precisamos buscar o produto no Mato Grosso do Sul, a 1.800 km de distância”, afirmou Varela Cançado. E a escassez sempre vem acompanhada de aumento dos preços. “Houve uma alta de 130% nos preços do minério de ferro granulado nos últimos 12 meses. Somando-se a isso à alta no valor do carvão, que também superou os 100%, nosso custo fica muito elevado e temos de repassar”.
Outro problema apontado pelo presidente do Sindifer-MG é a qualidade do produto. “Nós precisamos da hematita granulada, com teor de ferro acima de 62%. Ao longo do tempo esse teor vem caindo. As ofertas atuais estão entre 55% e 60%. Com isso, a produtividade cai. Gasta-se mais carvão e mais minério”. Outro empecilho é a contaminação por sílica. “Gera muita escória. Com o teor de ferro normal que precisamos, gera-se em torno 150 kg de rejeito por tonelada. Hoje, com o ferro Hoje, com o ferro mais contaminado, ultrapassa os 400 kg por tonelada”.
A demanda da indústria de ferro-gusa vem aumentando. Considerando os resultados de 2020, a produção foi de 3,7 milhões de toneladas, o maior em 12 anos, segundo Varela Cançado. Houve crescimento de 11% em relação a 2019. As exportações representaram 72% das vendas.
“A tendência para este ano é de manter o crescimento, mas essa expansão pode ficar comprometida em função da alta dos preços e da escassez do ferro granulado”. Ainda segundo o presidente do Sindifer-MG, o Estado tem hoje 45 indústrias do setor que geram cerca de 9 mil empregos.
Todos os problemas apontados, tanto de escassez quanto de qualidade e de preço podem ser explicados pela elevação da demanda nos últimos anos, segundo o assessor especial do Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (Sindiextra), Cristiano Parreiras.
“Para não deixar de atender, em um período em que a demanda é crescente, muitas empresas têm oferecido um material de qualidade mais baixa, enquanto se mobilizam para viabilizar novas lavras. Essa questão da qualidade, que interfere na produtividade, é que pode estar levando compradores a buscar o produto em outros estados, não a falta do minério”, afirmou. De fato, segundo o presidente do Sindifer, Fausto Varela Cançado, o produto comprado no Mato Grosso do Sul tem vindo com um índice de mistura menor, em torno de 60%.
“Não se abre uma nova lavra do dia para noite. É algo que envolve muitos processos. Há muitas obras em andamento. Diante do cenário que temos hoje, com muitos projetos já em execução, acredito que oferta e demanda tendem a se equilibrar ainda neste ano”, informou Parreiras. Ele frisou que os pedidos de licenciamentos ambientais para novas lavras estão ocorrendo dentro dos prazos que a lei exige, sem atrasos.
O assessor especial do Sindiextra explicou ainda que o preço do minério de ferro no mercado internacional interfere pouco nos valores locais. “As pequenas e médias mineradoras fornecem apenas para o mercado interno. Toda a produção fica aqui. A elevação nos valores da commodity tem algum peso, mas é a demanda que interfere mais nos valores”.
Fonte: Diário do Comércio
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