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Preço do carvão mineral dispara e pressiona siderurgia no País
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Mais de 45 dias do início do conflito no Leste europeu e os impactos mundo afora vão tomando proporções escaláveis em diversos segmentos. Para além da questão humanitária que paira sobre os olhos e ouvidos de quem acompanha os noticiários da guerra diariamente, a inflação global é o que preocupa no campo econômico. Os preços das commodities vêm batendo recordes atrás de recordes, onerando o custo de setores da indústria nacional que dependem de insumos importados, como a siderurgia.
O carvão mineral – especialmente a hulha betuminosa – usado pelas siderúrgicas brasileiras e 100% importado, por exemplo, tem a Rússia como segundo maior produtor mundial. A Austrália aparece em primeiro e os Estados Unidos em terceiro em termos de produção. Como consequência da guerra e as restrições mercadológicas, o preço do insumo saiu de cerca de US$ 100 a tonelada para mais de US$ 700 a tonelada. E, embora o preço já tenha baixado um pouco, a situação ainda preocupa.
A percepção é do presidente-executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes. “Na rota integrada, a participação do carvão vai de 40% a 50% do custo, enquanto do minério de 20% a 60%. Ou seja, temos em dois produtos que estão sob fortes impactos, a participação de 60% a 80% do custo da produção do aço. Na rota elétrica, considerando a sucata, o gusa e a liga, passa de 65%. Por isso, todo esse turbilhão está mexendo com a estrutura de custo no mundo todo e no Brasil não seria diferente”, explica.
Mas os impactos não param por aí. O executivo também lembra da elevação dos fretes marítimos e seguros que envolvem esse tipo de operação. Assim, o repasse de preços para a cadeia torna-se inevitável. Lopes pondera que se trata de uma questão de mercado e que não é possível prever. Mas admite que “as empresas estão sendo impactadas e serão ainda mais”.
Reajustes na cadeia
O movimento já começou. Conforme publicado, de acordo com Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço, o reajuste nos preços previsto para abril movimentou as distribuidoras nacionais, que chegaram a antecipar as compras no mês passado.
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) anunciaram aumentos de 20% na matéria-prima – reajuste que deverá ser aplicado de forma gradativa. A ArcelorMittal e a Gerdau também já falaram em novos preços.
Exportações em alta
Outro fator que tem provocado a elevação nos preços diz respeito à demanda. O presidente-executivo do Aço Brasil cita que, em função da guerra da Rússia com a Ucrânia, as usinas brasileiras também estão tendo a oportunidade de exportar mais. É que enquanto o Brasil, com a produção de 36 milhões de toneladas de aço, é o nono maior produtor do mundo, o país comandado por Vladimir Putin aparece em quinto, com 76 milhões de toneladas. Já a Ucrânia, vem na 14ª posição, com 21 milhões de toneladas.
“Ambos são grandes produtores e exportadores de produtos siderúrgicos. Imagine o estrago! Além disso, a Rússia também é o segundo maior fornecedor de placas para os Estados Unidos. O Brasil é o primeiro. Ou seja, com as sanções impostas àquele país, abriu-se mais uma janela de oportunidade para as siderúrgicas brasileiras”, destaca.
Sobre o futuro, Lopes é bem cético. “Não há perspectiva. O mundo todo aguarda uma definição. Pois além de todas as perdas e impactos humanitários, ainda temos essas consequências econômicas”.
O presidente do Inda, Carlos Loureiro, foi além e disse ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, no mês passado, que, mesmo que a solução da guerra aconteça, o setor do aço já terá sido muito afetado. “A Ucrânia teve usinas bombardeadas, então a ausência da Ucrânia vai ser grande no mercado. A Rússia também enfrenta problemas com as sanções. Juntas, são grandes fornecedores de aço no mundo inteiro, principalmente, para a Europa”, disse.
Fonte: Diário do Comércio
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