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Setor de fundição tem demanda aquecida
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Em março, o presidente da Associação Brasileira de Fundição (Abifa), Afonso Gonzaga, fez um alerta para a escalada dos preços do ferro-gusa, principal insumo do setor. A commodity, que custava US$ 440 a tonelada em 2021, chegou então em US$ 850.
E não parou aí. Desde então, estourou a guerra entre Rússia e Ucrânia, os principais fornecedores mundiais, e o preço do gusa chegou a US$ 1.200 – um aumento exponencial, de mais de 250% em menos de seis meses.
Atualmente, o preço se mantém na faixa de R$ 6.200,00 a tonelada, ou seja, está estagnado, porém em um patamar muito alto. O que não prejudicou a demanda, já que as indústrias do setor estão com a carteira tomada. “A dificuldade de repasse é muito grande, mas não afetou as vendas”, observa Gonzaga, frisando, porém, que as empresas estão com dificuldades em atender os contratos de médio e longo prazos.
Os segmentos com maior demanda continuam sendo o setor automotivo, apesar da redução na produção de automóveis, seguido pelos de infraestrutura, agrícola e bens de capital. A indústria automobilística consome 46% da produção – o produto entra na fabricação de blocos de motor, discos de freio e outras peças. Segundo o presidente da Abifa, a perspectiva de crescimento do setor de fundição no País em 2022 é de 15% a 20 %.
Este crescimento é sustentado pela demanda mundial, fortalecida pela escassez de fornecimento por parte da Rússia, grande fornecedor de ferro-gusa ao mercado europeu e norte-americano. Rússia, Ucrânia e Brasil são os maiores produtores mundiais de ferro-gusa. Como os dois primeiros países estão em guerra, resta ao Brasil atender ao mundo com seu produto, apontado por Gonzaga como o de melhor qualidade dos três.
Segundo ele, a falta de gusa na Europa não deixa de ser uma oportunidade para os produtores brasileiros. Mas traz grandes preocupações quanto à velocidade do aumento dos preços e os destinos de um setor que, em janeiro deste ano, empregava 61.750 trabalhadores no País.
Só em Minas são 24 mil pessoas trabalhando na produção de ferro-gusa. O Estado é o segundo maior fabricante de peças fundidas do Brasil, depois de São Paulo, respondendo por 25% da produção nacional. São 257 plantas no Estado, que produziram 670 mil toneladas em 2021 – um quarto dessa produção vai para as fundições e o restante para as aciarias e mercado externo.
Uma cadeia produtiva que corre o risco de colapso, se o setor continuar com dificuldades para repassar os custos, diante da velocidade dos aumentos. “Caso isso aconteça, toda uma cadeia depois dela será atingida. Não há indústria que não consuma peças fundidas. E é justamente para evitar essa reação em cadeia que alertamos para a necessidade de repasse destes custos industriais”, disse Gonzaga. “Reajustar contratos é um processo longo, mas não temos tempo porque a fundição não trabalha com estoques. A única saída é o diálogo entre fornecedores e clientes”.
Mudança na Abifa
Afonso Gonzaga deixa a presidência da Abifa no dia 13 de maio, quando será substituído por Cacídio Gerardo, presidente do conselho da Eletro Aço Altona em Santa Catarina. Continua na associação como vice-presidente e à frente do Sindicato da Indústria da Fundição no Estado de Minas Gerais (Sifumg). Para ele, faltam políticas voltadas para a indústria, que deem garantias aos investidores. “Temos que cobrar as reformas necessárias e apertar nossos deputados para fazerem leis adequadas para quem emprega e gera renda”, finaliza.
Fonte: Diário do Comércio
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