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Decifrada receita ancestral de fabricação de bronze
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Metalurgia antiga
Os ingredientes desconhecidos de uma receita de como fabricar bronze podem ter sido descobertos, revelando um nível de sofisticação nunca imaginado na prática da química da época.
Curiosamente, a novidade vem na sequência de outra descoberta química e historicamente importante, quando cientistas comprovaram em laboratório que antigas receitas de Alquimia de fato funcionam.
Em 1976, arqueólogos encontraram mais de 1,5 tonelada de artefatos de bronze na tumba de Fu Hao, um general chinês da dinastia Shang (1.000 A.C). A quantidade de objetos mostrou que a escala de produção de bronze na China antiga superava em muito qualquer coisa que ocorresse na Europa na época.
Também já se conhecia o Kaogong Ji (Livro dos Artesãos), um texto de 2.300 anos (300 A.C) que é a enciclopédia técnica mais antiga do mundo. O livro contém instruções sobre como fazer diversos objetos, como tambores de metal, carruagens e armas.
Essa antiga enciclopédia contém seis receitas de bronze que há décadas os cientistas tentam entender, o que é difícil porque vários ideogramas não têm mais o mesmo sentido na era moderna.
O bronze é normalmente feito combinando cobre e estanho. O mistério da receita se concentra em dois ingredientes, chamados jin e xi, que os pesquisadores não conseguiram identificar. No mandarim moderno, jin significa ouro, mas na antiguidade acredita-se que se referia ao cobre ou a alguma liga de cobre. Enquanto isso, xi tem sido considerado uma referência ao estanho.
Mas as análises químicas dos objetos de bronze daquele período indicam que jin e xi não podem ser simplesmente cobre e estanho puros.
Receita de bronze da Antiguidade
Para tentar elucidar a questão, dois pesquisadores, da Universidade de Oxford e do Museu britânico, analisaram a composição química de moedas chinesas em forma de faca, produzidas na época, e conseguiram desvendar as relações entre os metais presentes nesses objetos.
A conclusão é que os objetos foram criados usando ligas pré-fabricadas, e não os elementos puros cobre e estanho.
Eles descobriram que, quanto maior a concentração de chumbo nas moedas, menor é a concentração de cobre e estanho. As moedas com a mais alta concentração de cobre também apresentaram a maior concentração de estanho. Isto indica que o chumbo estava sendo misturado em uma liga de cobre e estanho - uma liga de bronze.
Ao modelar diferentes combinações dos elementos, a dupla determinou que uma liga de cobre-estanho-chumbo, na proporção 80:15:5, misturada em várias proporções com uma liga de cobre-chumbo 50:50 é a melhor correspondência com os dados químicos das moedas.
Essas ligas pré-fabricadas provavelmente são jin e xi, respectivamente, conforme registrado no Kaogong Ji. Mas os pesquisadores reconhecem que as receitas do antigo livro técnico podem não refletir como o bronze era feito na prática, já que as ligas podiam se originar em fábricas diferentes, sendo então enviadas para onde os objetos finais eram fabricados.
"Se alguma coisa é verdade, é que as receitas são muito específicas," disse Ruiliang Liu. "As pessoas que realmente punham as mãos na massa provavelmente não sabiam ler nem escrever, então não poderiam registrar a receita. Acho que há uma lacuna de conhecimento entre a pessoa que escreveu a receita e a pessoa que fez o verdadeiro trabalho."
Se for assim, é de se supor que haveria um comércio de lingotes pré-fabricados de diferentes ligas metálicas, o que adiciona uma camada de complexidade na produção, transporte e fornecimento de metais na China antiga, até agora desconhecida.
Bibliografia:
Artigo: The six recipes of Zhou: a new perspective on Jin and Xi
Autores: A. M. Pollard, Ruiliang Liu
Revista: Antiquity
DOI: 10.15184/aqy.2022.81
Fonte: Inovação Tecnológica
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