Notícias
O que os empresários do setor metalmecânico querem do novo governo?
Tweet
Novo governo, vida nova? No caso do Brasil, onde a nova presidente, Dilma Roussef, irá assumir no próximo dia 1° de janeiro, tudo indica que não. Cria do presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva, de quem foi ministra das Minas e Energia e chefe da Casa Civil, Dilma já deixou claro que a sua política será de continuidade - do que a já decidida permanência do empresário Guido Mantega à frente do estratégico Ministério da Fazenda é uma prova eloqüente.
É impossível tirar a razão da nova líder do país. Dilma sucederá um presidente cujo índice de aprovação, na casa dos 80%, é o maior da história do Brasil, graças principalmente à sua bem sucedida política social, que em apenas oito anos conseguiu içar nada menos do que 30% da população para a classe média. Lula também conseguiu a façanha de praticamente blindar o país contra as tormentas da crise financeira internacional de 2008-2009, com a ênfase dada ao crescimento do mercado interno - um anteparo que poucos países do mundo tiveram à disposição.
No entanto, nem tudo foi um jardim de rosas para o país nos oito anos do governo Lula. Um câmbio desequilibrado, somado a uma das taxas de juros mais altas do planeta, prejudicaram sensivelmente os industriais brasileiros e mesmo aqueles importadores que dependem da atividade produtiva para venderem seus produtos no Brasil. A seguir, veja o que diz Luiz Aubert Neto - presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
METAL MECÂNICA - Quais as principais expectativas da entidade com relação ao novo governo Dilma?
LUIZ AUBERT NETO - A presidente Dilma terá grandes desafios pela frente: Custo Brasil, que torna as máquinas brasileiras 43% mais caras; taxas de juros, as mais altas do mundo; carga tributária, que representa 35% dos custos; taxa de câmbio, que faz com que a indústria fique menos competitiva nas exportações e, de outro lado, abre o mercado brasileiro para os produtos importados.
Contudo, apesar dos enormes desafios, entendemos que a presidente eleita terá totais condições de promover as reformas estruturais de que tanto o Brasil necessita. Com maioria absoluta no Senado e na Câmara Federal, tendo recebido mais de 55 milhões de votos, é possível, com determinação política, promover tais reformas.
Temos convicção de que é totalmente viável, por exemplo, nos primeiros seis meses de governo, a presidente eleita promover a desoneração total dos investimentos e perenizar as atuais condições da linha PSI-Finame.
METAL MECÂNICA – Crê que haverá alguma mudança de rumo na comparação com governo Lula?
AUBERT - Não acreditamos em mudanças no que diz respeito às políticas sociais, mas esperamos mudanças, urgentes na política econômica. Esperamos a implementação de uma política industrial efetiva, que privilegie o investimento produtivo em vez do não produtivo, da mesma forma que fizeram os países hoje desenvolvidos. Não podemos continuar reféns de um câmbio que, de forma acelerada, vem sendo o grande vilão do processo de desindustrialização e desnacionalização que já ocorre no Brasil. Não podemos continuar a aceitar o fato de termos uma das mais altas taxas de juros do mundo, que privilegia o capital especulativo e penaliza o investimento.
METAL MECÂNICA - Que deveria ser modificado - a favor do segmento representado pela entidade - do governo Lula para o governo Dilma?
AUBERT - É preciso reconhecer que o atual governo obteve resultados expressivos no que diz respeito às políticas sociais, tendo tirado mais de 20 milhões de brasileiros do estado de miséria e elevado mais de 30 milhões à classe média. Essas políticas foram responsáveis pelo aumento do consumo das famílias, pela geração de postos de trabalho e fundamentais durante a crise econômica que se abateu sobre o mundo, pois foi o consumo interno das famílias que minimizou os efeitos da crise aqui no Brasil.
De outro lado, sabemos que é necessário mais, o Brasil precisa crescer de forma sustentada, estruturar políticas claras que possam contribuir para fazer do nosso país uma nação verdadeiramente desenvolvida, em todos os aspectos: cultural, social, educacional e econômico. É preciso simplificar e desburocratizar, criar condições para que o setor produtivo possa, de fato, se desenvolver, ter musculatura para ser competitivo nos mercados interno e externo.
A presidente eleita precisará ter como prioridade as reformas estruturais que o presidente Lula não conseguiu implementar, dentre elas as Reformas Tributária, Política, Previdenciária e, principalmente, a atual Política Econômica, que impõe ao setor produtivo uma assustadora perda de competitividade frente aos concorrentes internacionais, e não estamos falando somente em comparação à China. A verdade é que o Brasil não é competitivo comparado a qualquer país do mundo que produza bens de valor agregado.
METAL MECÂNICA - E o que não deveria ser mudado de forma alguma?
AUBERT - As políticas de financiamentos adotadas pelo BNDES. Parafraseando o presidente Lula, “nunca antes na história deste país” nós tivemos taxas de juros tão competitivas como oferecidas atualmente pelo BNDES. A verdade é que sem o BNDES a indústria brasileira de máquinas e equipamentos estaria numa situação ainda mais complicada frente aos concorrentes internacionais. A linha PSI - Finame, com juros de 5,5% ao ano, dois anos de carência e até dez anos para pagar, apenas minimiza o efeito danoso que o atual câmbio provoca à indústria de transformação.
METAL MECÂNICA - A entidade apresentará alguma demanda específica ao governo, neste início de gestão Dilma?
AUBERT - Sim, vamos pleitear a perenização da linha PSI-Finame e a desoneração total dos investimentos. Não podemos nos esquecer de que o Brasil é o único país do mundo que tributa os investimentos, tanto na esfera federal como na estadual. Não me canso de dizer que ninguém compra uma máquina por status, quando se compra uma máquina a intenção é gerar emprego e renda. Portanto, este investimento não pode ser tributado. (Alberto Mawakdiye)
Na próxima semana veja o que diz Ennio Crispino, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei).
Fonte: IPESI
Tweet
Notícias Relacionadas
- Carvogusa destaca o Fornecimento de Matéria Prima para Fundição na Metalurgia 2025
- Mineração de terras raras brasileira na mira do gigante asiático
- China apresenta o motor diesel mais eficiente do mundo
- Copasa e Metalsider inauguram projeto para reúso da água proveniente de tratamento de esgoto em atividades industriais
- TUPY fecha contrato de R$ 200 milhões com montadora de veículos
- Apresentamos o novo site da L’ABBATE – o seu parceiro estratégico no setor de fundição!
- Foseco lança Inovações em Insumos e Sistemas de Alimentação Isentos de Flúor
- Siderúrgicas de Sete Lagoas e região paralisam atividades em protesto contra condições de mercado
- Veja Todas as Notícias