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Estudo: Importações maciças enfraquecem atividade manufatureira da cadeia de valor do aço na América

Publicada em 2014-01-14



Na semana passada a Alacero apresentou seu recente estudo 'Comércio indireto de aço na América Latina: Tendências e Realidade' em uma conferência web que teve a participação de membros da indústria e da imprensa regional. A nova publicação analisa a situação latino-americana em relação ao comércio indireto de aço, ou seja, o intercâmbio de bens manufaturados com alto conteúdo de aço.

Clique aqui para baixar o estudo.

O trabalho feito pela Alacero revela que a atividade manufatureira de produtos com conteúdo de aço na região latino-americana está concentrada em poucos países e está ameaçada pelas importações maciças que vem principalmente da China, muitas delas efetuadas em condições desleais ou subvencionadas. Na primeira década do século XXI, China passou de ser 2% das importações deste tipo de produtos para representar 20% do recebido na região.

Do estudo conclui-se igualmente que América Latina é importadora neta de produtos de comércio indireto de aço. Entre 2000 e 2010 as importações foram multiplicadas por 2,3 enquanto as exportações foram menos dinâmicas com um multiplicador de 1,9. O défice comercial de 2010 foi o maior da década com um valor de USD 71,2 mil milhões.

Além disso, a produção latino-americana de bens com alto conteúdo de aço e as exportações da região é originária quase exclusivamente em três países: México (69%), Brasil (21%) e Argentina (7%), com uma preponderância do setor automotivo (que responde pelo 56% das exportações), e dos mercados de Estados Unidos, Canadá e intra-regionais como destinos (com uma participação em conjunto superior ao 90%).

Em primeiro lugar, o trabalho observou as tendências nas exportações e importações no mundo, em seguida identifica as principais correntes e setores ativos da América Latina.

Também observa que em alguns países os maiores valores da energia e as altas taxas de impostos geram altos custos de produção para as indústrias colocando obstáculos no desenvolvimento de novos negócios manufatureiros.

Importações

O estudo revela que na evolução das importações de produtos de comércio indireto para América Latina destaca-se o forte avanço da China em detrimento de outros países fornecedores (como Estados Unidos ou Canada) e do comércio intra-regional.

A América Latina importou intra-região 11% do fluxo no ano 2000, melhorando a tendência em 2005 com um máximo de 21%. Contudo, para 2011 o indicador foi fortemente retrocido até atingir só 16%. Naquele ano, China explicou o 20% das importações, com um volume de 4,1 milhões de toneladas, enquanto no início do século só representou 2%.

É assim que a presença da China supera os fluxos intra- regionais, apresentando uma tendência de desindustrialização em América Latina, desencadeada pela crescente pressão sobre as indústrias manufatureiras locais.

Além disso, no período de observação as importações latino-americanas de comércio indireto tiveram um crescimento médio anual de 7%, atingindo em 2010 um volume de conteúdo de aço de 18,3 milhões de toneladas: 49% mais do que o volume registrado em 2009.

Todos os países da região são importadores de manu- faturas com alto conteúdo de aço. Entre eles destacam as maiores economias como México, Brasil e Argentina. México, o principal importador, representava 58% destas em 2000, mais só chegou a 40% de participação em 2010. Os outros países da região, com exceção de Venezuela, aumentaram suas importações, particularmente no caso de Brasil, que representou um 25% das importações em 2010, contra somente 16% no ano 2000.

No que diz respeito à composição das importações por categoria, a região mostrou uma tendência para uma maior diversificação durante a primeira década do século XXI. O setor automotivo que representou 39% do fluxo em 2000 foi de apenas 35% em 2010. Outros setores também diminuíram ligeiramente ou se mantiveram ao longo da década. O vencedor do período foi o setor de maquinarias mecânicas que passou de ser 21% das importações em 2000 para 26% em 2010.

Exportações

As exportações de produtos de comércio indireto ocorrem principalmente em três países: México, Brasil e Argentina. México é historicamente o principal exportador da região. Em 2000 explicou o 77%, mais seu peso tem vindo a decrescer até 69% em 2010. Enquanto, Brasil e Argentina aumentaram sua participação atingindo 21% e 7% respectivamente em 2010.

Em 2010 o volume total em conteúdo de aço nas exportações de América Latina subiu para 15,2 milhões de toneladas. Deste total, 63% (9,6 milhões de toneladas) foram exportadas para Estados Unidos e Canadá. Estes países são os principais parceiros comerciais de México a través da NAFTA e centram a principal atividade de comércio indireto. Em 2011 o volume de exportações registrou um crescimento de 20% em relação a 2010.

O segundo destino foram os países latino-americanos em conjunto. As exportações intra-regionais atingiram 4,1 milhões de toneladas, o 27% do comércio indireto. Os países que mais exportam para a América Latina são Brasil (1,6 milhões de toneladas) e México (952.094 toneladas).

Os outros destinos, incluindo a União Europeia, praticamente não importaram desde América Latina. Isso mostra quão pouco diversificada é a estrutura de exportação da região, centrada principalmente na NAFTA e na própria zona. Como foi mencionada na apresentação do estudo, esta situação torna-se particularmente vulnerável, especialmente quando o principal destino, Estados Unidos, enfrenta uma situação econômica complexa.

Além disso, destacou-se o valor positivo do crescimento nos fluxos intra-regionais que devem resultar, em geral, na criação de cadeias de valor transnacionais, em um melhor uso das sinergias entre os países e economias de escala, permitindo uma indústria mais dinâmica, eficiente e competitiva. Também foi sublinhado que a integração dos países latino-americanos é um desafio essencial para o seu desenvolvimento.

A análise setorial das exportações latino-americanas de produtos manufaturados com alto conteúdo de aço permitiu observar a alta concentração no setor automotivo, que já representava 47% do fluxo no ano 2000 e atingiu 56% em 2010, em detrimento dos outros setores (produtos metálicos, equipamentos elétricos, eletrodomésticos e outros transportes), com a excepção de um ligeiro aumento em 2 pontos no setor de maquinarias mecânicas no período, chegando em 2010 a representar 16% do total.

Entre 2000 e 2012, as exportações do setor automotivo cresceram a um ritmo de 8% anual, atingindo um volume semelhante em conteúdo de aço de 7,1 milhões de toneladas no final da década. Três países são os principais exportadores de automóveis: México, Argentina e Brasil. Estes dois últimos integram uma cadeia de valor regional no setor através do MERCOSUL.

México explicou perto de 70% das exportações do setor automotivo no período e teve um crescimento médio anual de 10%. Seus destinos principais são Estados Unidos e Canadá, seguidos por América Latina.

Sobre Alacero

Alacero (Asociación Latinoamericana del Acero) – É uma entidade civil sem fins lucrativos que reúne a cadeia de valor do aço da América Latina para fomentar os valores de integração regional, inovação tecnológica, excelência em recursos humanos, responsabilidade empresarial e sustentabilidade sócio ambiental. Fundada em 1959, é formada por 46 empresas de 25 países, cuja produção é de aproximadamente 70 milhões anuais- representando 95% do aço fabricado na América Latina. Alacero é reconhecida como Organismo Consultor Especial para as Nações Unidas e como Organismo Internacional Não Governamental por parte do Governo da República do Chile, país sede da Secretaria Geral.