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Novas Montadoras iniciam a corrida por fornecedores.
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Muito antes de entrarem na disputa para seduzir o consumidor com produtos fabricados no país - o que deve acontecer somente a partir do final de 2015, quando terá início a produção -, as marcas do segmento premium como Audi, BMW, Land Rover e Mercedes-Benz, que no fim do ano passado anunciaram a produção local de veículos, protagonizam uma sigilosa disputa em 2014 para garantir fornecedores e parceiros em seus respectivos projetos. E, se por um lado a chegada conjunta dos fabricantes europeus intensifica a concorrência pelos contratos, por outro, abre caminho para o desenvolvimento conjunto de novas e inéditas soluções para a indústria automotiva nacional.
Com um contrato já formalizado, a BMW deu o pontapé inicial ao confirmar, na semana passada, a parceria com a Benteler, siderúrgica austríaca com fábricas na região Sul do país e que será responsável pelas estruturas dos futuros veículos fabricados em Araquari, Santa Catarina. Os outros potenciais fornecedores, como é o caso da Bosch, no entanto, ainda estão em negociação e, por isso, não há confirmação por parte da montadora.
De volta ao Brasil após uma década, a Audi espera contar com a expertise nacional da Volkswagen para celebrar seus contratos. A marca premium do grupo, que anuncia o começo da produção para o segundo semestre de 2015, estará industrialmente alocada no mesmo complexo da VW em São José dos Pinhais, no Paraná. 'Vamos nos aproveitar de uma fábrica existente e ampliar sua estrutura. Estamos bastante adiantados porque, além disso, nossa parceira já tem uma rede de fornecedores estabelecida. A partir deles, vamos tomar as nossas decisões', explicou Jörg Hofmann, presidente da marca das quatro argolas no país.
Já Mercedes, que também reforça a fase de prospecção e análise de parceiros para confecção de estruturas, painéis, bancos e outros componentes para sua linha de montagem em Iracemápolis, no interior de São Paulo, pondera ainda que a rede de fornecedores pode apresentar um desenvolvimento acelerado neste e no próximo ano justamente pela demanda elevada de peças para o segmento premium. 'Convenhamos que é muito melhor para um fornecedor investir em produção para três ou quatro marcas, o que representa algo em torno de 100 mil carros, do que para apenas uma, que faria entre 25 e 30 mil', considerou um porta-voz da companhia.
O cenário mais desafiador é assumido pela Land Rover, que em dezembro último anunciou a instalação da fábrica em Itatiaia, no Rio de Janeiro. Com uma proposta um pouco diferente dos sedãs e compactos alemães, a marca inglesa, que é controlada pela indiana Tata, considera a busca de alguns parceiros diferenciados em relação ao 'eixo'. 'Os componentes de um off road diferem de um carro comum. Por mais que o segmento premium ajude a desenvolver uma nova indústria de peças, a complexidade de nossa produção deve exigir a busca de parceiros exclusivos', disse a companhia, ao exemplificar que o couro utilizado em seus carros procede de fornecedores únicos.
Exemplo claro de um item que ainda falta no mercado nacional e que justifica o interesse conjunto das montadoras é o pneu com tecnologia Run Flat. Com estrutura reforçada e capaz de manter o carro em curso mesmo quando perfurado, o modelo ainda não é fabricado no país. Mas a exemplo do que acontece nos principais mercados, as marcas premium pretendem utilizar esse tecnologia nos veículos fabricados no país. 'Essa é uma lacuna a ser preenchida e uma oportunidade que está aberta para o setor', avalia Gleide Souza, diretora de relações governamentais da BMW.
Na construção das plantas fabris, algumas montadoras esperam contar com unidades de produção dos fornecedores já próximas à linha de montagem dos veículos. A decisão, no entanto, cabe a cada um dos parceiros. Em média, cada marca admite que deve estabelecer entre quatro e seis grandes fornecedores. A BMW e a Audi admitem que podem abrir espaço em suas respectivas unidade para três ou quatro parceiros. Já a Mercedes-Benz não considera essa possibilidade, mas admite que há espaço disponível em terrenos anexos à fábrica. Já a Land Rover ainda não tomou uma decisão sobre essa questão.
'Estamos falando em três ou quatro montadoras que abrem caminho para que uma única empresa, por exemplo, forneça soluções para toda a cadeia premium. São marcas que, conjuntamente, vão gerar escala e demanda bastante interessantes', finaliza Arturo Piñero, que preside a BMW no Brasil.
Balança comercial desafia o desenvolvimento
O desenvolvimento mais acelerado da indústria de autopeças deve acontecer somente após o governo anunciar o aguardado pacote de regras para incentivo ao desenvolvimento do setor (o chamado Inovar Autopeças). A confecção do programa, que deverá complementar o Inovar Auto, em vigor desde o ano passado, é conduzido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Na segunda quinzena de janeiro, a pasta admitiu ao setor automotivo uma ampliação dos esforços para acelerar a formatação do pacote, considerado estratégico e emergencial para dar um novo equilíbrio à balança comercial, que em janeiro último registrou o pior saldo desde 1994. Segundo o MDIC, as importações brasileiras superaram as exportações em US$ 4,057 bilhões, puxadas por bens de consumo (8,8%), bens de capital (7,1%) e matérias-primas e intermediários (3,2%) na comparação com dezembro de 2013.
Em seu último relatório, o Sindicato das Indústrias de Autopeças (Sindipeças) reforçou a preocupação com o desequilíbrio. 'A balança comercial de autopeças acumulou déficit de US$ 9,36 bilhões, 62,2% maior que o registrado em igual período do ano anterior. As exportações, para 183 países, somaram US$ 9,16 bilhões, com queda de 6,2%. As importações cresceram 19,2% e chegaram a US$ 18,53 bilhões, vindas de 163 diferentes mercados', apontou a entidade, segundo números válidos de janeiro e novembro do ano passado. Em função das discussões ligadas ao Inovar Autopeças, o Sindipeças não tem se pronunciado. 'O presidente aguarda uma definição das discussões para avaliar essas questões', explicou uma fonte do sindicato.
O que permeia toda a discussão é a questão da rastreabilidade dos componentes, que encareceria ainda mais a produção nacional de autopeças. A contrapartida pode vir na forma de isenção de tributos.
Fonte: Brasil Econômico
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