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Brasil - Metais caem em janeiro e perspectiva segue negativa.

Publicada em 2014-02-08



O primeiro mês do ano foi de queda dos preços dos principais metais não ferrosos. O níquel, que poderia ser a exceção positiva, perdeu força nos últimos dias e fechou em leve baixa. Para os próximos meses, a tendência segue de baixa, com poucas chances de uma reviravolta, na opinião dos analistas. O sentimento negativo é sustentado por um ambiente macroeconômico desfavorável, ao mesmo tempo em que a situação do mercado é de excesso de produção e altos estoques.

No cenário macroeconômico, faltam sinais de aceleração da economia chinesa. Pelo contrário. As indicações mais recentes dos país são de desaceleração. Como a China é responsável por cerca de 40% da demanda global por metais, exerce grande influência na formação de preços.
 
Uma melhora do mercado poderia acontecer no caso de um aumento surpreendente da demanda chinesa, associado a um enxugamento de sua capacidade produtiva, diz Bruno Rezende, analista de metais da Tendências Consultoria. "Mas ainda não tivemos uma surpresa positiva do ano passado para cá, e a China continua a subsidiar a produção. Com isso, a tendência continua baixista", diz.

Apesar de o governo central chinês manifestar a intenção de enxugar o excesso de capacidade produtivas, as províncias continuam a receber incentivos atrelados a dados de produtividade e emprego e mantêm subsídios às atividades de metalurgia e siderurgia. Até outubro do ano passado, a China elevou em 8% sua produção de alumínio e em 17% o volume produzido de cobre e níquel, por exemplo.

No caso do alumínio, os estoques registrados pela bolsa de Londres (LME) estão próximos do recorde histórico, de 5,478 milhões de toneladas, em julho de 2013. O preço do alumínio caiu 4,5% em janeiro para o menor nível desde julho de 2009, em US$ 1.729,5 a tonelada, depois de já ter perdido 12,5% de seu valor no ano passado.

Como reflexo, a indústria global do alumínio vem sofrendo. No Brasil, onde as empresas também reclamam do alto custo de energia, foram feitos dois cortes de produção no ano passado: da Novelis, em Ouro Preto (MG), e da Alcoa, em São Luis (MA). Como consequência, a redução do suprimento está contribuindo para a alta do prêmio pago pelos compradores para obter o metal no mercado à vista. Fontes do mercado comentam que o valor chega a superar os US$ 600 por tonelada em alguns casos.

O níquel quase foi a exceção do mês. Chegou a subir 5% até o dia 22 de janeiro, puxado pela decisão do governo da Indonésia de proibir as exportações de minérios do país. Todavia, caiu 6% desde então e terminou o mês em queda de 1,9%, negociado a US$ 13.885 a tonelada. Após a medido governo indonésio, algumas companhias correram para comprar mais metal e garantir seu suprimento. Mas o movimento durou pouco, e dados ruins da atividade industrial da China acabaram pesando mais nas cotações.

Analistas acreditam que o mercado de níquel poderá ficar deficitário em 2015. Neste ano, ainda há estoques suficientes de minério para sustentar o ritmo de produção do metal. E embora se espere um mercado mais apertado no ano que vem, taticamente, o metal ainda está vulnerável, diz Walter de Wet, analista do Standard Bank. Ele diz que alguns investidores ainda apostam em queda e que os estoques continuam em alta. Segundo levantamento da Tendências, o volume armazenado pela LME era recorde histórico em dezembro, em 261 mil toneladas.

Por Olivia Alonso


Fonte: Valor Econômico