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Pessimismo do mercado sobre preço afeta ações.

Publicada em 2014-03-10



A piora do cenário global para as produtoras de minério de ferro, com cortes de projeções para os preços da matéria-prima do aço e preocupações com a China, derrubou ações das principais companhias do setor no pregão da sexta-feira.

Depois de o Citi ter reduzido sua projeção para o preço do minério de ferro neste ano e nos dois próximos (para US$ 113, US$ 90 e US$ 80 por tonelada, respectivamente), o Credit Suisse afirmou em relatório que não ficaria surpreso com uma queda para entre US$ 80 e US$ 90 por tonelada no curto prazo.

Os dois bancos aumentam a lista de especialistas pessimistas com a commodity. Desde o fim do ano passado, diversas casas vêm divulgando relatórios com previsões mais pessimistas, principalmente por causa das expectativas de aumento da oferta global do insumo.

Os analistas citam também os altos níveis de estoques de minério de ferro na China. Durante muitos meses, os grandes volumes de compras da commodity no país mantiveram preço sustentado. Com isso, durante a maior parte do segundo semestre do ano passado, a cotação ficou acima de US$ 130 a tonelada. O resultado foi o aumento do volume estocado e um preço de US$ 134,2 a tonelada ao fim de 2013. Desde então, a queda neste ano é de 13%, para os atuais US$ 117 a tonelada.

Na BM&FBovespa, os papéis ordinários da Vale caíram 3,77%, para R$ 30,55, enquanto os preferenciais retraíram 3,62%, negociados em R$ 27,09.

Outras empresas também sofreram na bolsa: CSN e Usiminas, que são grandes produtoras do insumo, amargaram quedas ainda maiores na Bovespa. As ações preferenciais da Usiminas perdiam 5,60%, para R$ 9,09, enquanto as ordinárias caíram 5,52%, para R$ 8,55. Já os papéis ordinários da CSN recuaram 5,08%, para R$ 9,15. O Ibovespa caiu 1,8% na mesma sessão.

Medidas de restrição monetária do governo chinês vêm gerando preocupação também com relação ao vigor do setor siderúrgico do país, que consome cerca de 60% da produção global de minério de ferro.

Além disso, parte do mau humor dos investidores ao redor do globo com as mineradoras e siderúrgicas pode ter relação também com a expectativa do mercado em torno da política econômica chinesa - e o quanto ela continuará a apoiar a forte demanda por commodities do país.

Na sexta-feira, a Chaori Energy Science & Technology, fabricante de células e painéis solares, divulgou o primeiro calote corporativo da história da China. Para alguns analistas, isso sinalizaria uma mudança na atitude do governo, que no passado fez de tudo para salvar empresas nessa situação.

'Para mim, o mercado especula que os problemas de crédito já começaram a se materializar na China', comentou, em entrevista ao Valor, Andreas Bokkenheuser, analista do UBS. 'Os investidores temem que o governo não necessariamente vá apoiar a procura e os preços de commodities com alavancagem.'

Lá fora, as ações da Rio Tinto, da Anglo American e da BHP Billiton, negociados na bolsa de Londres, também caíram. As siderúrgicas, como ArcelorMittal e ThyssenKrupp, também enfrentaram quedas em Amsterdã e Frankfurt.

O preço médio projetado por dez bancos para o minério de ferro neste ano é de US$ 114,6 a tonelada, segundo levantamento feito pelo Valor. Para o ano que vem, a estimativa média é de US$ 102,90 a tonelada.


Fonte: Valor