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Boas perspectivas para o setor metalmecânico Brasileiro.

Publicada em 2014-04-04



Dados da Abimaq mostram que a indústria brasileira de máquinas e equipamentos encerrou 2013 com queda de 5,7% no faturamento, para R$ 79,079 bilhões, no segundo ano consecutivo de retração. A queda foi mais intensa que o recuo de 3,4% em 2012. No setor de máquinas, a expectativa para 2014 não é otimista, afirmou o presidente-executivo da entidade, José Velloso. “A situação continua piorando desde o começo do segundo semestre de 2012”, disse ele, afirmando que o setor espera para este ano repetir os R$ 79 bilhões de faturamento de 2013.

A indústria brasileira já teve dias melhores. Uma série de fatores atrapalha que a indústria no geral tenha um bom desempenho. Embora, no geral, o momento não seja tão bom, é possível verificar alguns nichos e otimismo. É o que acontece, por exemplo, com o setor metalmecânica na região Nordeste do País. No mês de agosto de 2013, segundo dados do IBGE, o segmento registrou desempenho positivo. “No Nordeste o setor passa por um momento muito bom. A indústria automobilística está se deslocando para cá. A indústria de petróleo e gás também está em ascensão na Região. São indústrias de poder germinativo. Elas criam cadeias de produção na Região”, comenta o secretário executivo do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Pernambuco, Girley Brazileiro.

Outra região do País tradicional no setor é a região Sul. Em entrevista publicada no Jornal do Comércio do RS, Getúlio Fonseca, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs) estima que para 2014 o setor cresça de 5% a 6%, desde que se sustentem algumas condições. Dentre elas, a confirmação da expectativa da boa safra agrícola, da liberação de recursos para financiamentos pelo Bndes, situação favorecida pelas eleições, e política cambial que possa ajudar a melhorar a competitividade do Brasil no exterior. “A orientação dos especialistas é que o empresariado economize neste ano, pois é muito provável que, já em 2015, o Brasil venha a pagar a conta da Copa do Mundo, da redução dos custos da energia elétrica e da crise do transporte coletivo. Temos que produzir e economizar mais neste ano para fazer frente à cobrança de 2015”, afirmou.

No Paraná, não é diferente. Até há pouco tempo, a base da economia paranaense era agrícola, mas o setor metalmecânico também passou a ganhar força na economia do Estado. Entre os anos de 2000 e 2009, o número de indústrias do setor cresceu 78,5%, conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego, passando de 3.400 mil para 6.069 estabelecimentos. O crescimento dessa indústria está ligado à onda de industrialização fora da região Sudeste que ainda tem o maior número de indústrias, sobretudo no Estado de São Paulo.

Estímulo

Para dar impulso à indústria brasileira, foi criado o Projeto Setorial Indústria Mecânica Brasil (PS) reunindo empresas que desenvolvem produtos, soluções e serviços de alto valor agregado para o setor metalmecânico. Carolina Machado, gerente do projeto, diz que as empresas integrantes atendem a segmentos que demandam alta tecnologia, entregas customizadas, qualidade superior e cumprimento fiel de prazos. O programa é voltado para a prospecção de novos mercados e o incremento das exportações. O projeto tem apoio do Governo Federal por meio da Agência de Promoção às Exportações (APEX), órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Serviço Nacional de Aprendizagem (SENAI-MG), Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec) e do Banco do Brasil. “Com atuação destacada na inovação e no desenvolvimento de soluções tecnológicas para os setores de mineração, siderurgia, metalurgia, petroquímico, geração de energia, sucroalcooleiro, ferroviário, petróleo e gás, as empresas associadas investem em projetos que garantem maior produtividade, menores custos e um constante aprimoramento na qualidade dos produtos e serviços”, destaca a gerente.

Ela destaca que o Projeto Indústria Mecânica Brasil é destinado a ajudar e auxiliar as empresas que querem ser ajudadas. “No mínimo, elas precisam dedicar seu tempo e ter entre seus objetivos, foco no mercado internacional. Exportar não é fácil. Na verdade, é ainda mais difícil para o setor metalmecânico, que além de tudo, precisa contar com uma boa logística para escoamento da produção”, explica. Segundo ela, há um estudo feito para o setor que mostra que entre o primeiro contato internacional e uma exportação efetiva, passam cerca de 7 anos. Com o projeto, as empresas conseguem encurtar esse tempo para, em média, 4 anos. “Então, de nossa parte, podemos ajudar a empresa na escolha de mercados nos quais ela tende a ter mais sucesso, ou seja, otimizar tempo e recursos para ações que possam gerar resultados”, afirma.

Ela diz ainda que ao participar de um projeto como o PS as empresas menores acabam por se beneficiar por estarem trocando informações com empresas que estão em um estágio mais avançado e sabem o caminho das pedras. “Além disso, despesas com participações de feiras internacionais, contratação de um agente comercial internacional, acesso a estudos específicos, dentre outros, podem contribuir bastante para que se possa exportar com mais facilidade e segurança”, acrescenta.

Carolina Machado diz que esse ano o PS entra em sua segunda fase de execução com boas perspectivas. “Planejamos manter nosso foco em países nos quais temos apresentado resultados satisfatórios, como Moçambique, Colômbia e Peru. Ações que promovem o estreitamento de laços comerciais são muito importantes no setor metalmecânico como, por exemplo, nossos Projetos Compradores. Esse tipo de ação nos possibilita receber no Brasil os potenciais compradores e mostrá-los in loco nossa capacidade produtiva, inovações tecnológicas, além de entendermos com maior clareza as demandas do mercado internacional”, aposta.

Mão de obra

Para Daniel Almeida, diretor-executivo da Associação Brasileira de Soldagem (ABS) a indústria metalmecânica deverá ter um desempenho em 2014 similar ao de 2013. “Já para 2015 prevemos maiores dificuldades ainda, pois será necessário um ajuste fiscal intenso, independente de quem vai assumir a presidência”, antecipa. Segundo Almedia, o cenário econômico atual não sinaliza uma boa receptividade a investimentos, a exceção de alguns segmentos como, por exemplo, o automobilístico que trabalha com um planejamento de longo prazo em um mercado que tem um bom potencial. Além disso, ele lembra que o governo federal tem correspondido com o setor automobilístico com uma série desonerações, “mas o conjunto de nossa economia é muito preocupante, pois os resultados gerados são alarmantes e suscita desconfiança e insegurança aos empresários”, alerta.

Do seu lado, o diretor da ABS lembra que especificamente no setor em que atua, a soldagem, um segmento que está intimamente ligado ao setor metalmecânico e, portanto, seu desempenho acompanha o comportamento deste setor. “A inovação também exige investimentos e se a indústria está retraída com certeza não haverá estímulo à inovação”, pondera. Segundo ele, esse é um problema que tem solução a médio e longo prazo. “Temos falta de pessoal qualificado em todos os níveis. No caso da soldagem, há uma falta gigantesca de soldadores qualificados e certificados, pois encontramos uma parcela muito pequena que passou por uma qualificação porém ao fazer um teste de certificação são reprovados, ou seja foram treinados mas não atendem aos quesitos que baseados em normas garantam que estejam aptos a desempenhar as funções para as quais ele foi qualificado”, diz.

Para tentar preencher essa lacuna, a ABS inicia este ano um curso para técnicos de nível médio. “Ambos os cursos são da estrutura do IIW-International Institute of Welding, Organização presente em 56 países. O Brasil é representado pela ABS”, diz. Ele explica que depois da aprovação nestes cursos os profissionais estão qualificados e em seguida inicia-se o processo de certificação. “As qualificações estão previstas na norma ISO 3834, dada a sua importância e credibilidade”, finaliza.


Fonte: Abimaq