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Empresas de ônibus Brasileiras projetam vender até 30% mais na Copa
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Os empresários do transporte terrestre de passageiros estão mais otimistas com a Copa do Mundo do que os executivos do setor aéreo. No ar, a postura é a de que o evento da Fifa vai representar mais custos que lucros e que o impacto será neutro em volume de passagens; no chão, a previsão é de incremento de até 30% na comercialização de bilhetes e de pessoas embarcadas.
A Associação Brasileira de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati) trabalha com cenário em que as linhas de ônibus que atendem alguma das 12 cidades-sede da Copa - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Salvador, Recife, Natal, Fortaleza, Manaus e Cuiabá - receberão pelo menos 15% mais passageiros. "A frota atual permite que a oferta seja aumentada em mais de cinco vezes, como acontece no Natal, Ano Novo, Carnaval e grandes feriados", disse o presidente da Abrati, Paulo Porto, sobre o setor que transporta 70 milhões de pessoas por ano.
O Grupo JCA, dono de seis empresas que transportam cerca de 90 milhões de passageiros por ano - se incluídos os segmentos urbanos e interurbanos dentro do mesmo estado -, projeta incremento de 30% no volume de passageiros transportados. "Nosso modelo de negócio, voltado para rotas com raio de 600 quilômetro vai ser favorecido pela Copa", diz o diretor executivo da holding, Marcelo Antunes, sobre às linhas cobertas pelas viações Cometa, 1001, que ligam Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba e Florianópolis.
Nas contas do governo, a Copa - que vai de 12 de junho a 13 de julho - vai atrair 3,6 milhões de turistas, sendo 600 mil estrangeiros. A associação do setor aéreo, a Abear, prevê 7,2 milhões de pessoas usando aviões em junho e julho - volume dentro da média desse período. "O turismo de lazer vai ocupar o espaço do turismo corporativo porque muitas empresas vão adiar viagens", diz o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.
Mas no solo, as viagens de turismo vão gerar mais negócios. "Na medida em que as seleções forem desclassificadas, os torcedores desses países vão fazer turismo, especialmente nas cidades próximas às sedes", diz Roberto Faria, presidente do Consórcio Novo Rio, que opera a maior rodoviária da capital fluminense. "E como o Rio será palco da final, esperamos um aumento de 30% no movimento dos terminais. Entre os estrangeiros, o incremento será de 40%".
Em São Paulo, a Socicam, que opera os terminais rodoviários do Tietê, da Barra Funda e do Jabaquara, prevê aumento de 10% a 15% no total de passageiros, chegando a uma média de 90 mil embarques por dia. "Teremos um pico de movimento nos dias de jogos que vão reproduzir o que temos no carnaval ou fim de ano", diz o diretor do consórcio, Antonino Alibrando, que descarta gargalos na infraestrutura. "O movimento hoje é 40% menor que nos anos 1990".
Enquanto o recorde de embarques no Tietê foi de 107 mil passageiros em 1995, o último pico após o início do declínio ocorreu em dezembro de 2013, com 73 mil pessoas embarcando no maior terminal paulistano. "Essa capacidade extra permite atender à maior demanda hoje".
Para empresas como a carioca Util, que transporta 3 milhões de passageiros por ano entre os estados do Rio, São Paulo e Minas Gerais, o horizonte de demanda extra levou à antecipação de investimentos porque vale o cenário de que a Copa vai representar um pico a mais de demanda no calendário do ano. “Vai ser como um Carnaval ou um Réveillon estendido”, afirmou a diretora da empresa, Rudimila Borges.
A empresa aportou R$ 7 milhões na renovação da frota de ponta da companhia, em ônibus de dois andares para atender à demanda 15% maior nesse segmento. Também a concessionária da Rodoviária Novo Rio gastou R$ 5 milhões na segunda etapa da revitalização do terminal, ampliando instalações de ar condicionado e sanitárias e plataformas de desembarque.
E o grupo JCA acelerou o ritmo de renovação da frota de 3 mil ônibus. Em vez de trocar 15% dos ônibus, que é a média anual de renovação, o grupo atualizou 25% dos modelos em 2013 e 2014, somando investimentos de R$ 340 milhões. "Isso é apenas parte dos investimentos", diz Antunes, do JCA. "Aumentamos investimentos em atendimento, com mais salas VIP, terminais de auto atendimento e comunicação por meio em várias línguas".
As principais empresas de ônibus que ligam as capitais mais populosas do país e as concessionárias das rodoviárias do Rio, São Paulo e Brasília incluíram um efetivo de até 10% do pessoal capacitado para atender turistas que falem inglês ou espanhol.
Os executivos dizem que os investimentos vão compensar, mesmo sem a possibilidade de aumentar preços de passagens - os valores são regulados pelo governo. "O movimento maior vai trazer mais receitas em volume de passagens e em gente circulando nas rodoviárias", diz o presidente da Rodoviária Novo Rio.
Há passagens ligando Guarulhos ao Rio a partir de R$ 49,00. "Essa rota terá demanda grande por causa do aeroporto de Guarulhos", aponta Rudimila Borges, diretora da Util, que faz essa linha. Já um bilhete entre as capitais paulista e fluminense poderá ser adquirido por menos de R$ 80,00. Nesses mesmos trechos, os bilhetes aéreos variam de R$ 200 a R$ 1.500,00.
Mas se preços e infraestrutura do transporte rodoviário no país prometem atender à demanda da Copa, os executivos do setor estão preocupados com a mobilidade urbana no entorno dos terminais. Obras, como as realizadas no Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, ou o trânsito tradicionalmente congestionado, como o da Marginal Tietê, em São Paulo, serão os obstáculos a serem vencidos para evitar atrasos e transtornos aos passageiros. "Esse é o nosso maior adversário", diz o executivo do JCA, Marcelo Antunes. (Valor Econômico/João José Oliveira)
Fonte: Valor Econômico
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