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Importação de autopeças ainda é alta no Brasil.

Publicada em 2014-04-29



Pouco mais de um ano após o lançamento do Inovar-Auto, a percepção da indústria de autopeças é de que os novos negócios que resultariam na produção local e substituição de peças estrangeiras ainda não se concretizaram.

Esse foi um dos focos do debate entre os representantes de compras das quatro maiores montadoras do mercado nacional durante o V Fórum da Indústria Automobilística, realizado por Automotive Business na segunda-feira, 28, no Golden Hall do WTC, em São Paulo.

Em pesquisa realizada instantaneamente no painel “Localizar ou Importar: a Cadeia de Suprimentos em Xeque”, com os mais de 900 participantes, a maior parte do público indicou que as compras das montadoras em sua cadeia de fornecedores instalada no País não cresceram.

Participaram do debate Patrícia Libretti, diretora de compras produtivas da General Motors América do Sul; Edvaldo Picolo, gerente executivo de compras da Volkswagen do Brasil; João Pimentel, diretor de compras Ford América do Sul; e Osias Galantine, diretor de compras da Fiat Chrysler América do Sul.

Nesse contexto, Galantine garante que importar não é a melhor solução. “É uma operação complexa, que só vale a pena quando não há escala para produzir localmente”, afirma. Mas há soluções palpáveis na indústria, como contratos de longo prazo.

No caso da Fiat, esse acordo assegura uma fatia substancial, algo como um mínimo de 70% de fornecimento. “Temos 12 a 15 fornecedores de componentes essenciais classificados como parceiros da empresa.”

O executivo conta que a escolha desses parceiros exige a participação em um processo de qualificação no qual a montadora avalia qualidade, pessoal e custos do fornecedor. Uma vez aprovado, esse fornecedor passa a ter em mãos um contrato de longo prazo, cuja validade não foi revelada.

“Assim, o fornecedor tem segurança para investir e se aprimorar como parceiro da empresa”, diz Galantine. O processo teve início no fim de 2009. Pimentel, da Ford, conta que a direção elétrica, incorporada aos modelos da marca no País, é montada no Brasil, porém ainda utiliza componentes importados pela TRW. “Estamos trabalhando com o fornecedor para reduzir isso”, diz.

Já a executiva da GM explica que há atualmente um programa de nacionalização adotado pela montadora e que está em curso há mais de dois anos. O processo inclui um projeto de parceria, à semelhança da Fiat, no qual os fornecedores teriam em suas mãos contratos de longo prazo. Patrícia diz que a decisão da montadora foi tomada após um longo tempo em que o índice de nacionalização de seus veículos foi gradualmente recuando até estar atualmente em um patamar acima de seus concorrentes.

Picolo revela não haver resposta das empresas da cadeia de suprimentos quando a montadora anuncia seus investimentos. “Vamos aplicar R$ 10 bilhões até 2018 e é importante contar com produtividade”, diz. “A indústria não pode ver o curto prazo. Esperar para investir quando o contrato estiver na mão não funciona”, diz. Em recente evento da montadora com seus futuros fornecedores para a fábrica de Goiana (PE), Galantine exortou as empresas a participar da iniciativa da Fiat. “Quem chega primeiro bebe água mais fresca”, afirma.

As importações de componentes de Ford e VW, conforme revelado no painel, oscilam entre 15% e 20% de suas compras. As da Fiat seriam menores, cerca de 7%. As da GM não foram reveladas.


Fonte: Automotive Business