Notícias

Mineradora investe R$ 555 milhões no Brasil e gera cerca de 2,3 mil empregos.

Publicada em 2014-05-24



Se falta água no sertão, sobra vanádio de alta qualidade, o que acaba de trazer para a Bahia mais uma nova mineradora. A Vanádio de Maracás começou a operar, ontem, com a estimativa de gerar um total de 700 empregos diretos e 1,6 mil indiretos, capacidade de produção de 9,6 mil toneladas do minério por ano, uma produtividade de 29 anos em um investimento total da ordem de R$ 555 milhões.

Segundo Kurt Menchen, presidente de Operações da Largo Resources no Brasil, grupo canadense proprietário da mina em Maracás, a qualidade do metal encontrado em Maracás compensa as dificuldades logísticas com estradas e portos, e com a insegurança jurídica provocada pela tramitação do novo Código de Mineração - que pode elevar a carga tributária do setor. De acordo com ele, a mina começará a dar retorno aos investimentos em dois anos e meio.

Ainda segundo Menchen, é na mina de Maracás que está o maior teor de vanádio e o menor custo de produção do metal no mundo. O vanádio é um metal de ampla aplicabilidade em diversos segmentos da indústria siderúrgica, sobretudo na fabricação de insumos para ácidos especiais, áreas de óleo, gás e alta engenharia. Toda a produção baiana será exportada - via Porto de Salvador depois de trazida em caminhões - para compradores localizados na América do Norte, Europa, Coreia do Sul e Japão.

Desenvolvimento

O governador Jaques Wagner compareceu à inauguração e destacou a importância da mineradora para o desenvolvimento do estado. “Tenho muito orgulho de participar desta história e de contribuir para a implantação da primeira mina de vanádio das Américas. Esta empresa vai dinamizar a economia do estado e do município, gerando emprego e renda. Os trabalhadores baianos são dedicados e tenho certeza que a direção da empresa vai se orgulhar da mão de obra”.

Localizado no Sudoeste, em pleno sertão, o município de Maracás até então era conhecido por ser um dos maiores produtores de flores do estado. A mina, que fica na Fazenda Patrício, deve gerar nos primeiros meses de operação cerca de 300 empregos diretos e, quando atingir sua total capacidade, mais 400 novos postos de trabalho.

Para o presidente de operações, a implantação de um projeto dessa ordem no semiárido baiano, além de movimentar a economia traz mudanças significativas não apenas em dimensão global, mas de impacto também no eixo local, já que a região será agora um polo produtivo que começa a ser conhecido internacionalmente. “A mineração vem como mais uma alternativa para a população, de gerar emprego e renda, já que a região limita as opções devido às condições climáticas que possui. A mineração, como atividade produtiva, traz a vantagem de não depender do clima, e sim da jazida. Esse aspecto, com certeza, terá um impacto espacial no desenvolvimento de Maracás”.

A empresa assegura que todas as operações estão alinhadas com os princípios sustentáveis e respeito às leis ambientais do Brasil. “Nosso projeto foi formulado com o que há de melhor e mais avançado em termos de tecnologia na exploração sustentável do minério. A nossa empresa está afinada e atenta a esses padrões”, garantiu.

Menchen não quis listar a parte dos investimentos voltada para o atendimento de condicionantes socioambientais para a exploração da mina. Nem quis opinar sobre o Novo Código de Mineração, que deve ser votado pelo Congresso Nacional até o final do ano. “Sobre o novo código, estamos acompanhando as discussões e o que está acontecendo. Viemos para a Bahia preparados para nos adaptar a essas mudanças que podem ocorrer”, finalizou.

Diversidade mineral do estado atrai 200 empresas

Segundo o secretário Estadual da Indústria, Comércio e Mineração da Bahia, James Correia, a Vanádio Maracás é mais uma empresa no horizonte dos 200 empreendimentos de mineração que pretendem se instalar no estado nos próximos anos. A operação da nova mineradora já coloca a Bahia entre os quatro principais estados produtores de minérios do Brasil. O plano governamental é transformar a Bahia no terceiro maior polo mineral do país. “São 19 mil requerimentos de pesquisa para a descoberta de minérios. O que nós temos hoje é uma realidade”, diz.

Mês que vem, outro município do interior estará inaugurando mais uma mina. Dessa vez, de ouro, e localizada no município de Santa Luz. “A nossa diversidade de minérios é enorme. Temos uma base consolidada que tem atraído muitas empresas desse ramo a investir na Bahia”, completa. “As perspectivas são as melhores possíveis. Eu acho que a Bahia, daqui a alguns anos, pode se tornar um grande produtor mundial de vanádio, assim como também de ferro e níquel. Temos área, território, solo e potencial para isso”, analisa.

Vanádio é usado na produção de materiais nobres

O vanádio é um minério explorado a céu aberto e fica localizado próximo ao subsolo. O engenheiro de minas e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) José Baptista explica que o vanádio é um dos elementos mais difíceis de ser encontrado. “É um minério de certo modo raro. No nosso estado só é encontrado na região de Maracás. Mesmo raro, é de suma importância para a indústria na produção de materiais nobres, que vão servir de matéria-prima para a fabricação de outros produtos”, comentou.

Para o professor, a jazida a ser explorada em Maracás representa não apenas um fator importante para o desenvolvimento econômico da região, mas também uma valorização dos estudos e descobertas de minérios em solo baiano.

“A aplicação dele é extremamente nobre e isso interfere na mineração como um todo. O setor tem crescido muito e vem abrindo portas para novas pesquisas e descobertas de áreas de exploração. A produção do vanádio em grande escala, só tem a alavancar o futuro promissor da Bahia na extração de minérios”, defende o professor.

Priscila Natividade


Fonte: Correioo 24horas