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Alternativa para o mercado automobilístico Brasileiro.

Publicada em 2014-06-01



Para o mercado automotivo, alternativa seria concentrar esforços em peças e também no pós-vendas.

Montadoras e concessionárias continuam sentindo a desaceleração do mercado automotivo no Brasil. Por esse motivo, estas empresas devem buscar alternativas para manter a rentabilidade diante de um cenário em que a queda dos emplacamentos parece inevitável.

'As montadoras vão ganhar dinheiro de duas formas: emplacando veículos e vendendo peças', afirmou ao DCI o executivo de desenvolvimento de negócios sênior da MSX International no País, Arnaldo Brazil.

Segundo ele, as concessionárias poderão aumentar a sua rentabilidade mesmo quando o licenciamento já tiver sido concluído. 'Se o cliente tiver um bom pós-venda, ele irá retornar e continuar adquirindo peças e serviços', diz Brazil.

O executivo explica que, hoje, os preços dos serviços em concessionárias não são muito mais elevados do que no mercado em geral. 'Isso é lenda. Atualmente, o conhecimento em manutenção de veículos é democratizado e o custo é basicamente o mesmo dentro ou fora das revendas', destaca. Ele reforça que os consumidores estão preferindo, aos poucos, as concessionárias para fazer serviços como troca de óleo e de filtro. 'A mudança de mentalidade já está começando', acredita.

Brazil pontua que, nos últimos anos, houve uma verdadeira invasão de peças chinesas - de qualidade ruim, em grande parte - no mercado brasileiro, o que prejudicou não só os clientes, mas também os profissionais que optaram por utilizar estas peças. 'Quem usa produtos de segunda mão perde a confiança dos seus clientes', ressalta.

Peças

O executivo da MSXI afirma que, nos últimos três anos, a frota brasileira de veículos aumentou em cerca de 15 milhões de unidades. 'Este volume todo deve começar a demandar, em breve, peças de reposição', diz Brazil. Neste cenário, as montadoras podem aumentar a sua rentabilidade, já que as peças vendidas no aftermarket possuem, em média, cerca de 30% de margem de lucros.

Além disso, explica Brazil, no atual momento de baixa do mercado automotivo, as montadoras precisam de planejamento para segurar os resultados. 'Para fechar a conta, estas empresas devem concentrar esforços em peças e serviços. Assim, quando o mercado se estabilizar novamente, as marcas já contarão com a confiança do cliente no pós-venda', ressalta.

Nesta linha de raciocínio, a Mercedes-Benz já fabrica, há dez anos, peças remanufaturadas para caminhões na planta de Campinas (SP) sob o selo Renov. 'Trata-se de um produto com certificação e com a mesma qualidade Mercedes', afirmou ao DCI o diretor de pós-venda da companhia, Ari de Carvalho.

No ano passado, a participação da linha Renov no faturamento de peças da Mercedes foi de aproximadamente 8%, segundo a montadora, o equivalente a cerca de R$ 80 milhões. O crescimento das vendas em relação ao ano anterior foi de 21%, totalizando 24, 1 mil unidades vendidas.

'Nos últimos cinco anos, o mercado total de reposição cresceu cerca de 20%. Nós crescemos 30% em peças', destaca Carvalho. Nestes dez anos, a Mercedes produziu cerca de 100 mil peças remanufaturadas, sendo aproximadamente 37 mil motores, 13 mil câmbios e 25 mil embreagens, além de outros itens.

Recentemente, a Mercedes lançou no Brasil um novo selo de peças, Alliance, que tem como objetivo oferecer produtos certificados com preços mais atrativos. 'Com esta marca, temos foco em clientes com veículos mais antigos. E como essa fatia ainda é muito significativa no Brasil, não queremos ficar de fora deste mercado', pondera Carvalho.

Conjuntura

O executivo da MSXI afirma que a rentabilidade das montadoras já vem sendo comprometida desde o ano passado, não só em razão da queda das vendas de veículos. Quando os emplacamentos no varejo desaceleram, o comercial das marcas intensifica as chamadas vendas diretas (frotistas) para garantir volumes. 'Ainda assim, perde-se em lucratividade. No ano passado, quase 30% dos licenciamentos foram feitos com preços abaixo da tabela de mercado', destaca Brazil.

O executivo afirma ainda que existe um limite de endividamento e, por esse motivo, fica difícil vislumbrar uma recuperação imediata das vendas. 'As dívidas do brasileiro ainda estão sendo amortizadas. Não há sobra de renda suficiente para alavancar o mercado automotivo', diz Brazil.

Ele salienta que a busca do setor para destravar o leasing (arrendamento mercantil) depende amplamente de medidas governamentais. 'O governo muda as regras desta modalidade a todo momento', diz Brazil.

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, tem sido enfático na questão do leasing. Segundo o executivo, a busca junto ao governo para destravar este tipo de arrendamento continua.

'A parcela de financiamentos do leasing continua pequena, em torno de 3,5% do total de emplacamentos no País', afirmou Moan no início do mês.

 Juliana Estigarríbia 


Fonte: DCI