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Crise ameaça setor de fundição em Minas.

Publicada em 2014-08-12



O momento difícil pelo qual passa a indústria automotiva do país, com as montadoras anunciando redução da jornada de trabalho e concessão de férias coletivas, tem afetado também outros setores da economia mineira. As fundições, por exemplo, estão operando com quase 40% de ociosidade desde o primeiro trimestre. E, de acordo com Sindicato da Indústria da Fundição no Estado de Minas Gerais (Sifumg), as perspectivas para o segmento no restante deste ano são negativas e as demissões devem se intensificar.

De acordo com o presidente da entidade, Afonso Gonzaga, 2014 já é um ano considerado perdido. 'As fundições mineiras estão produzindo bem abaixo da média registrada no exercício passado. Nosso nível de pessoal empregado é de 21 mil trabalhadores, mas já foram demitidos cerca de 2 mil', afirma o dirigente.

Ele explica que o problema tende a se agravar caso a situação não seja revertida a partir de 2015. 'Temos uma indústria que opera com mão de obra qualificada, em que demitir é sempre a pior alternativa, pois as recontratações são caras e complexas. Mas, caso não haja melhora no cenário, não teremos como segurar os empregos', alerta.

No momento, as empresas estão operando com produção média mensal de aproximadamente 70 mil toneladas. Em 2013, quando ela somou 1,230 milhão de toneladas, eram produzidas 102 mil toneladas/mês. O setor em Minas conta hoje com capacidade instalada de aproximadamente 2 milhões de toneladas/ano e, conforme Gonzaga, a ociosidade está em 37%.

A redução da demanda por parte da indústria automotiva, que responde por aproximadamente 60% do consumo de fundidos no país, tem sido fatal para o setor. 'Não adianta apenas o governo conceder incentivos, pois a economia está ruim e a previsão do desempenho do PIB industrial está em apenas 1%. Precisamos de reformas estruturais para que o país volte a crescer', ressalta.

As montadoras vêm, ao longo deste ano, registrando resultados negativos no país e por isso reduziram o ritmo. A Fiat Automóveis S/A (Fiasa) e a Iveco, fabricante de caminhões e veículos comerciais da montadora italiana, já avisaram que vão paralisar temporariamente parte da produção para adequação dos altos estoques.

Desde ontem, trabalhadores da Fiat em Betim (RMBH) estão em férias coletivas de dez dias, com o objetivo de ajustar a produção dos modelos Linea, Doblô, Bravo e Palio Weekend. Já a Iveco está usando o sistema de banco de horas e mandou para casa 1,5 mil empregados do quadro de 3,7 mil mantidos em Sete Lagoas, na região Central. E desde o último dia 4 começou a contar 13 dias de paralisação do pessoal da linha de veículos pesados e de dez dias dos operadores da linha de comerciais leves. A montadora informou que as unidades de motores e de veículos de defesa continuarão funcionando normalmente.

Agronegócio - Além do setor automotivo, conforme o dirigente, também é verificada redução nos pedidos por parte do agronegócio, outro importante cliente das fundições no Estado. 'Nós tivemos no ano passado uma situação cambial que nos dava condições de exportar. Mas a cotação atual do dólar (cerca R$ 2,20) prejudica o comércio exterior', observa. Por causa do câmbio desfavorável, as exportações, que normalmente respondem por entre 9% e 13% da demanda do setor, estão em baixa.

Conforme Gonzaga, diante do atual cenário, a entidade já reviu a previsão de crescimento para este ano, que antes era de 6,5%. 'Não apostamos mais em incremento. Como já disse, a situação é complexa e 2014 é um ano perdido', completa.


Fonte: Diário do Comércio