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Cenário difícil para empresas brasileiras em 2015

Publicada em 2014-10-28



O cenário de dificuldades para empresas brasileira em 2015 se mantém não foi alterado com a reeleição da presidente Dilma Rousseff, afirmou a agência de classificação de risco Fitch, nesta segunda-feira.

Segundo a agência, problemas sistêmicos, como inflação e um sistema tributário extremamente complexo e ineficiente, continuarão afetando o fluxo de caixa das companhias.

A demanda doméstica deve continuar fraca, pois não se projeta uma recuperação significativa da confiança empresarial e dos consumidores. Esses desafios, além dos fracos preços das commodities, provavelmente levarão as empresas a reportar maior alavancagem, predispondo-as a ações de rating negativas em 2015, disse relatório da Fitch. 

Investimentos que eliminem os gargalos logísticos serão cruciais para acelerar o crescimento econômico. O nível de intervenção do estado na economia aumentou durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff. Sinais mais claros de menos intervenção estatal durante seu segundo mandato serão importantes para melhorar a confiança do empresariado e retomar os investimentos. A atração contínua de capital privado para grandes projetos de infra-estrutura será crucial para restaurar a qualidade do crédito das empresas brasileiras, de 2015 em diante.
 
Empresas
 
No próximo ano, cerca de 15% das 82 empresas classificadas pela Fitch no Brasil provavelmente sofrerão uma ação de rating. A tendência deve ser fortemente negativa ? os rebaixamentos poderão ultrapassar as elevações em mais de duas vezes. Companhias de eletricidade, bem como de açúcar e etanol, são as mais vulneráveis a ações de rating negativas.

Os produtores de minério de ferro e celulose enfrentarão as fracas condições do mercado externo, devido ao excesso de oferta, embora não devam ser rebaixadas, uma vez que suas posições de custo lhes permitem continuar gerando fluxo de caixa positivo.

O setor de proteínas se destaca por poder ter ações de rating mais positivas do que negativas. Os baixos preços dos grãos e a crescente demanda por proteínas devem continuar em 2015 e, pelas projeções, as demonstrações financeiras deverão se fortalecer devido ao forte desempenho operacional.

Para a maioria das empresas, o risco de rolagem de dívida é muito baixo em 2015, e os saldos de caixa continuarão altos em relação às obrigações da dívida de curto prazo.

De acordo com a Fitch, CSN (BB+) e Petrobras (BBB) são as únicas companhias com dívidas nos mercados de capitais internacionais vencendo em 2015. A intensidade do cronograma de amortização da dívida externa cresce em 2016, quando vencem notas de Camargo Corrêa (BB), Ceagro (B), JBS (BB), Marfrig (B), Oi (BB+), Petrobras, Sabesp (BB+) e Vale (BBB+).
 
Inadimplência
 
O risco de inadimplência continuará alto no setor brasileiro de açúcar e etanol. Todas as empresas classificadas nesse setor, exceto a Raízen (BBB), estão em Observação Negativa. Na avaliação da agência de risco, os credores continuarão evitando essas empresas até que o governo implante uma política transparente de reajuste regular dos preços da gasolina. As companhias mais vulneráveis de açúcar e etanol são Tonon (B) e U.S.J. (B+).

As pequenas companhias continuam suscetíveis ao sentimento do mercado, à medida que os investidores procuram títulos benchmark com liquidez no mercado secundário. Créditos menores, classificados na categoria ?B?, como Ceagro (B), Cimento Tupi (B) e GOL (B-), estão entre os que permanecerão sob os microscópios dos investidores.

O índice médio de alavancagem das empresas brasileiras deve aumentar em 2015 para mais de 3,2 vezes, de cerca de 3,0 vezes no início de 2014. O patamar ainda fica abaixo do pico de 3,4 vezes registrado em 2010, mas é pior que o de 2009, quando ficou em 2,8 vezes. O maior endividamento é reflexo de uma carteira na qual 70% dos créditos estão nas categorias de rating que indicam riscos de inadimplência mais elevados. 

Um controle de custos será crucial para evitar rebaixamentos em 2015, uma vez que a inflação deverá continuar acima de 6% e os níveis de desemprego de 5% deverão resultar em um mercado de trabalho apertado, diz a Fitch. 


Fonte: Monitor Mercantil