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Brasil - Inflação resiste e BC elevará juros
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A surpreendente elevação da Selic anunciada pelo Banco Central (BC) há uma semana, de 11% para 11,25% ao ano, foi o marco zero numa escalada dos juros que deve se estender pelo menos até meados de 2015. Tudo para conter uma inflação já bastante elevada e que tende a avançar ainda mais devido à alta recente do dólar, que encerrou ontem o dia cotado a R$ 2,560 para a venda, o maior patamar desde abril de 2005. A avaliação de especialistas é que o Comitê de Política Monetária (Copom) elevará a taxa básica em 0,25 ponto percentual nos próximos três encontros, marcados para ocorrer em dezembro deste ano e em janeiro e março de 2015. Ao fim do processo, a Selic estaria em 12% ao ano – o maior patamar desde agosto de 2011.
Mas pode subir ainda mais, a depender das sinalizações da política econômica e, sobretudo, à trajetória do dólar. “O Copom alertou que está ‘especialmente vigilante’, o que, a nosso ver, sinaliza que ele pode aumentar o ritmo de alta de juros caso a taxa de câmbio siga depreciando de forma significativa nas próximas semanas”, escreveram os economistas Ilan Goldfajn e Caio Megale, em análise a clientes do Itaú Unibanco.
Em apenas cinco dias, a moeda norte-americana já acumulou alta de 6,3%. A alta do dólar é um problema que afeta não só turistas com viagem marcada para o exterior, mas todos os consumidores. A alta do câmbio tem impacto devastador sobre os preços, já que um quinto dos insumos utilizados na produção é importado e, portanto, sensível à variação das cotações.
Não por outro motivo, o Copom traçou um cenário preocupante para a inflação, indicando que as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pioraram tanto neste ano, quanto em 2015, conforme frisou o órgão na ata da última reunião, divulgada ontem. No encontro, o colegiado divergiu quanto à necessidade de um reajuste imediato nos juros, de forma a conter pressões previstas para se materializar apenas em 2015 e 2016.
Três diretores argumentaram que, devido a incertezas elevadas provocadas pelas eleições presidenciais e a um movimento global de valorização do dólar, o melhor seria deixar tudo como estava, ou, no linguajar do Copom, “posicionar-se a favor de que, neste momento, as condições monetárias permanecessem inalteradas”.
Ajuste preventivo Pesou a favor da alta de juros, no entanto, o discurso mais incisivo de quatro diretores e do próprio presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que defenderam um ajuste preventivo para debelar qualquer risco de descontrole da inflação. “A maioria dos membros do Copom considerou oportuno ajustar, de imediato, as condições monetárias, de modo a garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais benigno para a inflação em 2015 e 2016”, disse o documento.
Mais uma vez, o motivo de preocupação dos diretores foi a alta do dólar, que subiu 10% entre a penúltima reunião do Copom, realizada em setembro, e o último encontro, na semana passada. O economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, calcula que essa mesma elevação da moeda norte-americana, ao persistir por um ano, produziria um aumento na inflação de pelo menos 0,5 ponto percentual.
A julgar pelos índices recentes, trata-se de um impacto devastador nos preços. No acumulado em 12 meses até setembro, o IPCA avançou 6,75%. A previsão dos analistas ainda é que, até dezembro, o indicador desacelere, encerrando o ano no limite da meta de inflação, em 6,5%. Qualquer descuido, porém, significaria um descumprimento da meta, o que não ocorre desde 2003.
Luz ainda mais cara
Com reservatórios de água para geração hidrelétrica em níveis mais críticos do que em 2001, ano do racionamento, e custos elevadíssimos, o Banco Central admitiu, ontem, que conta de luz do brasileiro ficará ainda mais cara em 2014. A projeção de reajuste que era de 16,8% passou para 17,6% este ano, de acordo com a ata do Comitê de Política Monetária (Copom).
Mesmo diante do quadro preocupante, o Operador Nacional do Sistema (ONS) afirmou, ontem, que não há indício de racionamento de energia em 2015, apesar de o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), ter elevado de 4,7% para 5% o risco de deficit de energia nas regiões Sudeste e Centro-Oeste no ano que vem.
Evento da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine), realizado ontem, em Brasília, também discutiu os altos custos da energia e a preocupação com o racionamento. O governo, contudo, manteve sua previsão, excessivamente otimista, na opinião do mercado. O diretor do Sistema Interligado Nacional (SIN), Hermes Chipp, destacou que a indicação é de chuva na média ou acima da média já a partir de novembro. Isso justificaria o otimismo do governo.
O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, reforçou que não há previsão de racionamento. Ele disse que o fato de o risco calculado pelo governo ter chegado a 5%, limite máximo tolerável, não significa que medidas de economia sejam adotadas.
Para o especialista em energia do escritório L.O. Baptista-SVMFA Guilherme Schmidt, é lamentável que o governo continua apostando todas as fichas na chuva. "Não há sinalização de um programa de racionalização, que modere o consumo. Se tivermos um período úmido igual ao último, o racionamento não está descartado. Serão necessárias paradas estratégicas no ano que vem", disse. Conforme Schmidt, o parque gerador está sendo superestimado pelo governo, e muitas usinas já não geram mais o que foi previsto em sua capacidade inicial.
Fonte: Estado de Minas
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