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Tupy: Fundição multinacional
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É bem verdade que o mercado automotivo não anda lá muito otimista – só no primeiro semestre deste ano, a produção nacional de veículos recuou 16,8%, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). À primeira vista, o tombo deveria afetar diretamente o resultado da Tupy, maior fundição de blocos de motores e cabeçotes em ferro do mundo – e líder incontestável do setor de Metalurgia na região sul. Mas não é o que acontece. Em 2013, a empresa de Joinville exibiu uma receita bruta de R$ 3,4 bilhões, com alta de 15,9% em relação ao ano anterior. Neste ano, mesmo com a queda na produção de veículos, a metalúrgica vem conseguindo preservar os bons resultados. No segundo trimestre, por exemplo, o lucro líquido chegou a R$ 23,3 milhões, mais do que o dobro do montante apurado um ano antes, de R$ 10,6 milhões.
Parte do bom desempenho se deve a uma manobra realizada em outubro do ano passado. Na ocasião, a Tupy fez uma nova oferta pública de ações – internamente, apelidada como um “re-IPO” – e captou mais de R$ 520 milhões. Com esse dinheiro, obteve fôlego não só para tocar novos projetos de expansão, mas também para melhorar sua saúde financeira. “Uma parte está sendo usada para reforçar a estrutura de capital da empresa para iniciativas estratégicas que venhamos a empreender no futuro”, diz Luiz Tarquínio Sardinha Ferro, presidente da Tupy. Em outras palavras, uma parcela dos recursos está aplicada e gerando dividendos – que, inclusive, ajudaram a empresa a fechar no azul durante o segundo trimestre.
Ao mesmo tempo, a Tupy vem realizando pequenos investimentos em projetos de otimização operacional. Do total arrecadado, R$ 150 milhões foram usados na compra e instalação de máquinas que aumentarão a eficiência operacional das unidades – plano que deve ser concluído até 2015. A medida ajudará a companhia a galgar níveis mais altos de eficiência não só na fábrica-sede de Joinville (SC), mas também nas fundições adquiridas no México, em 2012, nas cidades de Saltillo e Ramos Arizpe.
E aí está mais um diferencial da Tupy para buscar resultados acima da média: a diversificação de mercados. Atualmente, a companhia detém 24,4% do mercado de blocos e cabeçotes em todo o hemisfério ocidental –o que inclui as Américas e a Europa. As exportações, que em 2012 representavam 65% das receitas, hoje respondem por quase 71%. “O mercado nacional não anda muito amistoso. Mas a Tupy tem esse benefício: é uma empresa com exposição forte no mercado internacional”, conta Tarquínio.
Com esse perfil, a Tupy se coloca na contramão da indústria nacional de autopeças, que vem perdendo participação no mercado exportador. No acumulado de janeiro a maio de 2014, a balança comercial do setor registrou um déficit de US$ 4,2 bilhões. De acordo com Paulo Butori, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Autopeças (Abipeças), os prognósticos não são nada otimistas. “O déficit da nossa indústria deve superar os US$ 10 bilhões este ano. Somado aos déficits que se acumulam desde 2007, o resultado é assustador”, afirma ele.
Aumento em usinagem
Ao todo, o “re-IPO” da Tupy redeu R$ 520 milhões. Como já visto, parte desse investimento será destinado em projetos de otimização operacional. O restante, R$ 370 milhões, está prometido para reforçar a estrutura de capital da empresa. “Vamos usar esse dinheiro para iniciativas estratégicas que venhamos a empreender”, diz o presidente da companhia. Oficialmente, o grupo catarinense diz que não existe nada de concreto com relação a projetos, mas não nega que pode aperfeiçoar a usinagem de acabamento das peças, de tal forma que fiquem totalmente prontas para montar. Isso porque as fundições fabricadas, quando saem da empresa, não estão plenamente preparadas para integrar o motor. Ainda precisam passar por um último processo. “A gente vislumbrou isso quando apresentamos o projeto no nível de usinagem e produção aos investidores, mas estamos prestando atenção antes de tomar qualquer medida”, explica Traquínio Ferro, que prefere classificar a Tupy como “semi-usinadora”. Atualmente, a metalúrgica tem capacidade para produzir 848 mil toneladas anuais de peças em ferro fundido, grande parte constituída de componentes desenvolvidos sob encomenda para o setor automotivo que engloba caminhões, ônibus, máquinas agrícolas e de construção, carros de passeio, motores industriais e marítimos.
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