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Um 2015 de baixa para o minério
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Os preços do minério de ferro despencaram durante o ano de 2014 e especialistas não esperam cotações melhores para 2015. A commodity é um dos principais produtos na pauta de exportação do Brasil para os países árabes e os seus preços influenciam o desempenho da balança comercial do País com a região. “Não há expectativa de melhorar”, diz o professor de Economia e Política das Faculdades Integradas Rio Branco, Carlos Eduardo Stempniewski, a respeito dos valores do minério de ferro no próximo ano.
Minério enfrenta ciclo de baixa
A commodity começou o ano cotada a US$ 130 a tonelada, caiu para US$ 80 em outubro e para cerca de US$ 70 em novembro. O principal motivo, segundo o economista da Tendências Consultoria Integrada, Bruno Rezende, é o excesso de capacidade produtiva. O minério vinha com preços em crescimento desde 2008 e chegou a ser cotado a US$ 150 em meados 2010. “Puxou um ciclo forte de investimentos principalmente na Austrália, mas também no Brasil”, diz Rezende.
O economista explica que o mercado de commodities como o minério costuma ser cíclico. Quando a demanda supera a oferta, os preços sobem e incentivam investimentos. Com produção maior, os preços são jogados para baixo e o ciclo se inverte. Neste ano entrou no mercado aumento de produção dos grandes produtores. Em 2015 a Austrália colocará quantidades maiores no mercado e em 2016 entra em operação o projeto brasileiro Carajás, da Vale. São frutos de investimentos planejados em tempos de alta.
Já pelo lado do consumo, a demanda chinesa segue crescendo, mas em ritmo menor. O mercado esperava algum avanço para os preços neste final de 2014, com a possível saída do mercado de mineradoras chinesas por causa das cotações baixas do produto. As mineradoras chinesas participam do mercado local com 15% a 30%, mas a maior parte delas opera no prejuízo, o que se intensifica com os valores menores. A saída delas do mercado, porém, não está ocorrendo, segundo Rezende, que cogita algum tipo de subsídio dado pelo governo.
Também há o fato de que os novos projetos de mineração, que são de grande porte, são bem mais eficientes que os antigos, têm custos produtivos menores, o que também pressiona os preços para baixo, de acordo com Rezende. “Ano que vem tem muita coisa para entrar da Austrália”, afirma o economista da Tendências, esperando cenário de baixa.
Stempniewski afirma que a queda de preços ocorreu também com outras commodities minerais neste ano e cita como fator disto a situação mundial, com a economia europeia que não se recuperou, os Estados Unidos crescendo pouco (e segundo ele, sem uma relação econômica grande com o Brasil) e a China crescendo menos do que no passado.
O professor critica o fato de o Brasil ter se focado tanto na China, que está muito mais próxima de outros fornecedores, como da Oceania. “O critério de compras mudou. Antigamente se fazia grandes compras para um ano, dois anos”, diz Stempniewski, alertando que atualmente se compra em quantidades menores para prazos menores. Segundo ele, com isso, se há de repente um incentivo para produzir mais, fica mais fácil importar de quem está próximo.
O professor das Faculdades Integradas Rio Branco chama esse foco na China de um erro de estratégia comercial do Brasil, que, segundo ele, deveria ter desenvolvido outros potenciais compradores. “Ficou muito concentrado na China”, diz. Neste ano, de janeiro a outubro, o Brasil exportou US$ 22,2 bilhões em minério de ferro e concentrados, dos quais US$ 10,5 bilhões foram para a China. O segundo importador da lista é o Japão, com US$ 2 bilhões.
Omã, país árabe do Oriente Médio, é o sexto maior comprador de minério do Brasil, com US$ 637,9 milhões registrados nos dez primeiros meses deste ano, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Neste país, a Vale tem uma unidade de pelotização de minério. Como um todo, as exportações nacionais de minério recuaram 15% no período sobre iguais meses de 2013.
Fonte: ANBA
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