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Setor de fundição enfrenta crise

Publicada em 2015-01-12



A indústria de fundição de Minas Gerais demitiu pelo menos 4,7 mil trabalhadores ao longo de 2014 devido à retração da demanda, principalmente por parte do setor automotivo, e do alto índice de ociosidade. A situação negativa frustrou a expectativa do setor, que esperava crescimento para o exercício, mas, ao contrário, encerrou o ano passado com queda de produção em relação a 2013, embora os números ainda não tenham sido fechados.

De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Fundição no Estado de Minas Gerais (Sifumg), Afonso Gonzaga, o parque de fundição deixou de utilizar pelo menos a metade de sua capacidade em 2014, o que reflete em queda na produção, que pode se igualar à de 2009, pior resultado dos últimos anos, quando o setor sofreu com a crise econômica mundial que começou em setembro de 2008.

”2014 foi um ano de baixa. Perdemos 4,7 mil trabalhadores, tivemos índices de aproximadamente 50% de ociosidade e, embora ainda estamos fechando os números, certamente houve queda de produção em relação a 2013”, afirmou Gonzaga, lembrando ainda que o problema das demissões inclui o custo para recontratar e capacitar trabalhadores em caso de uma recuperação da atividade e da própria economia.Demitir um trabalhador, na avaliação do representante do setor, significa perder mão de obra já capacitada e ainda ter que investir na qualificação de trabalhadores caso o setor volte a contratar, o que encarece todo o processo. Em razão disso, Gonzaga afirma que as fundições lutaram para não demitir, mas que a corda acabou arrebentando.

Um dos motivos que levou o setor a chegar a este ponto é o momento difícil da indústria automotiva do país, com as montadoras anunciando férias coletivas, lay-off (suspensão de contratos de trabalho) e demissões voluntárias, além de pátios lotados, ao longo de 2014. De acordo com o presidente do Sifumg, a indústria automotiva responde por aproximadamente 60% do consumo de fundidos no país.

Em Minas, por exemplo, a Fiat Automóveis S/A (Fiasa), em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e a Iveco Latin America, em Sete lagoas (região Central), fabricante de caminhões e veículos comerciais da marca italiana, deram férias coletivas e promoveram paradas técnicas para adequação dos altos estoques durante o ano passado.

A Mercedes-Benz do Brasil passa por uma situação ainda pior em sua planta em Juiz de Fora, na Zona da Mata. Depois de investir R$ 450 milhões na requalificação da unidade para produzir caminhões em uma tentativa de reverter uma ociosidade histórica da planta, originalmente construída para fabricar carros, a linha de produção pode mais uma vez ser desativada. A situação continua indefinida.

No ano passado, as vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no país somaram 3.498.012 unidades, com queda de 7,1% em relação a 2013, conforme balanço divulgado na última quinta-feira pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Agronegócio - Além do setor automotivo, também é verificada redução nos pedidos por parte do agronegócio, outro importante cliente das fundições no Estado. “As compras de fundidos do agronegócio também caíram, mas talvez não com tanta relevância quanto as do setor automotivo”, compara Gonzaga.

De acordo com ele, a produção do parque de fundição mineiro iniciou 2014 em 104 mil toneladas em janeiro, caiu para 96 mil toneladas já no mês seguinte e passou para a casa das 60 mil toneladas mensais em outubro. A expectativa era de que até o fim do exercício passado, a produção despencasse para 40 mil toneladas mensais em média para o ano, pior resultado, semelhante ao de 2009. Naquele ano, o setor atingiu o auge de sua crise econômica, quando a produção caiu 50%, mesmo percentual de hoje, a julgar pelo índice de ociosidade atual.


Fonte: Diário do Comércio